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Introdução.

Uma vez que os papistas, vendo que seus dogmas não apenas carecem de fundamento nas Escrituras Sagradas, mas também são claramente comprovados como falsos por elas, trabalham acima de tudo para elevar a autoridade e a perfeição de seus dogmas a fim de confirmar suas próprias ficções, é justo que nós, que lutamos sob a bandeira de Cristo para a derrubada do reino do Anticristo e o estabelecimento do reino de Cristo, nos esforcemos para afirmar e vindicar essa palavra de Deus contra seus erros.

1 – Portanto, para que possamos abordar o assunto, afirmamos que os papistas erram gravemente principalmente em relação a três aspectos: — [1] – quanto à autoridade da Sagrada Escritura, [2] – quanto à sua interpretação, [3] – quanto à sua perfeição.

2 – Quanto à sua autoridade, eles professam abertamente que, com respeito a nós (quoad nos), ela depende primariamente do testemunho da Igreja, como se, para nós, a natureza divina e canônica da Escritura Sagrada devesse ser considerada verdadeira somente por causa do testemunho da Igreja. Por Igreja, no entanto, eles não querem que se entenda aquela que se seguiu imediatamente aos tempos dos Apóstolos, mas sua própria Hierarquia Romana, que o Papa constitui com seu clero, e muitas vezes apenas o próprio Papa, que eles consideram como uma espécie de epítome[2] da Igreja de Roma.

1 – Quanto à autoridade da Sagrada Escritura (3 — 10).

3 – No entanto, deixando de lado a questão de se a Igreja de Roma é a verdadeira Igreja, afirmamos que a autoridade da Sagrada Escritura, mesmo com relação a nós (quoad nos), não depende propriamente do testemunho da Igreja, embora seja verdadeiro, mas sim que o próprio Deus concedeu uma “autoridade divina excepcional” (omni exceptione maiorem) à Escritura, como ele claramente atestou à sua Igreja por discurso, sinais e obras milagrosas, e a sela e confirma privadamente em nossas almas através do testemunho interno de seu Espírito Santo.

4 – Portanto, é certo para nós que essas Escrituras vieram de Deus e são verdadeiramente inspiradas (πνεύστους), tanto por sua matéria quanto por sua forma — uma vez que nada além de matéria e forma divinas são encontradas nas Escrituras e em cada um de seus livros canônicos — e também pelo testemunho de Deus por meio do Espírito Santo, que nós mesmos temos se crermos em Cristo Jesus — “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu” (1 João 5:10). Esse Espírito nos ensina todas as coisas (1 João 2:27[3]; João 6:45[4]), abrindo nossos ouvidos para que possamos reconhecer a voz de nosso Pastor e fugir “dos estranhos” (João 10:3 – 5, 27[5]) e nos dando o discernimento pelo qual podemos julgar, cada um de acordo com sua própria compreensão, o divino do humano, o verdadeiro do falso (1 Coríntios 10:15[6]; João 7:17[7]).

5 – Secundariamente a esse testemunho divino, vem a autoridade dos Profetas e Apóstolos (como notários públicos[8] de Deus e da Igreja), que testificam com seu próprio selo que tudo o que está contido nessas Escrituras é a própria palavra de Deus. Eles não funcionam como ministros da Igreja “simplesmente” (simpliciter), mas como os instrumentos mais seguros do Espírito Santo, santificados, mesmo desde o ventre, para essa tarefa (Jeremias 1:5[9]). Portanto, seu testemunho deve ser atribuído não à razão humana, mas à autoridade divina.

6 – A autoridade da Igreja vem em terceiro lugar, que desde o início transmitiu esse Cânon à posteridade, afirmando sua certeza e distinguindo os livros genuínos e verdadeiros dos adulterados e espúrios, cumprindo seu dever de preservar o depósito[10]. Pois a Igreja daquele tempo não distinguiu os livros canônicos dos apócrifos somente por sua própria autoridade, mas os reconheceu como divinamente separados e, com fé e prudência, pelas quais ela também se sobressaiu na compreensão dos assuntos sagrados, averbou (fundamentou) sua decisão.

7 – Portanto, não negamos que alguma certeza sobre a Sagrada Escritura nos vem do testemunho da Igreja, mas é meramente uma certeza de um tipo externo e não uma certeza que possa, por si só, nos levar a crer. A autoridade de Deus é primária e formal, enquanto a autoridade da Igreja é subordinada e ministerial.

8 – A Igreja é chamada de “coluna (στῦλος) da verdade” (1 Timóteo 3:15[11]), ou seja, porque a Igreja é como uma coluna na qual Deus desejou pendurar sua vontade (como as leis eram penduradas em colunas públicas), para que essa verdade salvadora pudesse ser exposta e conhecida por um grande número de pessoas.

9 – Ela, a Igreja, também é chamada de “fundamento” (ἑδραίωμα[12]), isto é, uma sede firme da verdade, porque na Igreja, à semelhança de um trono ou de uma base, ela se assenta, é preservada e protegida das corrupções humanas. Essa é a verdade de Deus. Mas isso não contraria nossa opinião, pois não é a autoridade da Igreja, mas sua função e ministério adequados que são recomendados aqui.

10 – De fato, o Apóstolo afirma que a Igreja é construída sobre o fundamento, isto é, sobre a doutrina dos Profetas e Apóstolos, sendo o próprio Cristo a pedra angular (Efésios 2:20). E João Crisóstomo (c. 347 – 407 d.C.) não hesitou em dizer que a própria verdade é a coluna e o firmamento da Igreja[13].

Paz e graça.
Pr. Dr. Plínio Sousa[14].

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[1] – Franciscus Junius, o Velho (1545 – 1602), “Elenctic Theses on Holy Scripture”.

[2] – Aquele que como agente simboliza a Igreja de Roma, que serve como modelo ideal de verdade para Igreja de Roma — aquele que é o verdadeiro “compêndio da fé” para a Igreja de Roma.

[3] – “E a unção que vós recebestes dEle, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nEle permanecereis” (ACF).

[4] – “Está escrito nos Profetas: — E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim” (ACF).

[5] – “A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço–as, e elas me seguem” (ACF).

[6] – “Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que digo” (ACF).

[7] – “Se alguém quiser fazer a vontade dEle, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo” (ACF).

[8] – Representantes oficiais.

[9] – “Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por Profeta” (ACF).

[10] – A Igreja é a “coluna e baluarte da verdade” porque ambos os vocábulos têm a conotação de prover suporte. O Apóstolo Paulo enfatiza, em oposição aos falsos mestres e falsos ensinos, que a verdade do Evangelho de Cristo é encontrada na Igreja de Deus e sustentada pela mesma (2 Timóteo 2:19). Em última análise, a Igreja sustenta a própria fundação dos Profetas e Apóstolos (Efésios 2:20). Deus dá sua Palavra à Igreja e a Igreja a aceita e preserva (depósito sagrado).

[11] – “Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (ACF).

[12] – “Hedraíōma” – a base, que em última análise sustenta o próprio fundamento (usado apenas em 1 Timóteo 3:15).

[13] – “Saberás como proceder na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo: — coluna e sustentáculo da verdade”. Não como o templo judaico. Contém a fé e a pregação, pois a verdade é coluna e sustentáculo da Igreja (Comentário às Cartas de São Paulo, Parte 3, Homilia 11, Homilias sobre 1 Timóteo, p. 44).

[14] – Tradutor: — notas e significações.

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