COMPARTILHE

 

Você tem permissão de livre uso desse material, sendo incentivado a distribuí–lo, desde que sem alteração do conteúdo, em parte ou em todo, em qualquer formato: — em blogues e sites, ou distribuidores, pede–se somente que cite o Instituto Reformado Santo Evangelho como fonte, bem como o link do site:

www.santoevangelho.com.br

1 – A tradição, que em grego se chama “παράδοσις” (paradosis) e em hebraico “לֶקַח” (leqach), possui um significado geral, que inclui tudo o que chegou até nós, seja por escrito ou não. No entanto, é comumente entendido como se referindo principalmente a ensinamentos não escritos, ou transmitidos oralmente, como se fossem transmitidos (tradita) de uma pessoa para outra.

2 – Assim, a tradição é definida como a palavra de Deus que não foi escrita pelo Autor, isto é, nem pelo próprio Deus, nem por um homem a partir do qual ela tenha sido transmitida pela primeira vez à Igreja.

3 – Tradição, embora vulgarmente dividida de várias maneiras, é geralmente classificada em duas categorias: — os denominados a partir dos seus autores e os denominados a partir da sua matéria [conteúdo]. Dos autores: — Diz-se que todas as tradições derivam de Deus ou do homem. As que vêm de Deus são chamadas de tradições divinas, enquanto as que vêm dos homens são chamadas de tradições humanas. A propósito [conforme a matéria]: — algumas são denominadas tradições dogmáticas (as que tratam da fé e dos costumes) e outras são denominadas tradições éticas (as que tratam da moral). Em cada gênero, existem espécies distintas, apropriadamente denominadas tradições históricas (as que narram fatos) e tradições cerimoniais (as que tratam de ritos).

4 – Chamamos de tradições divinas aquelas imediatamente transmitidas por Deus, por Jesus Cristo, pelos Profetas e pelos Apóstolos à Igreja em seus primórdios, sem o uso da escrita. Hoje, embora muitas delas estejam incluídas nas Escrituras [escritas], elas ainda são referidas sob o significado geral de tradições. Por outro lado, as tradições humanas são aquelas concebidas exclusivamente pela vontade humana.

5 – Classificamos como tradições dogmáticas ou tradições éticas aquelas relacionadas à fé, ou à moral. O relato completo destas nos foi transmitido por Deus nas Escrituras Sagradas. Em sua glória, Ele nos comunicou por escrito todo o seu conselho para a nossa salvação, na medida do necessário e conveniente. Portanto, não admitimos nenhuma tradição nesta categoria, pois a Escritura é completa e totalmente suficiente (θεόπνευστος — inspirada por Deus) para equipar o homem de Deus para toda boa obra, abrangendo expressamente ou por analogia tudo que é necessário para esse propósito.

6 – Portanto, rejeitamos legitimamente as tradições humanas concebidas pela engenhosidade humana, relativas à doutrina e à moral sagradas, que não são explícitas nas Escrituras Sagradas nem delas dedutíveis, e que podem contradizê-las direta ou indiretamente.

7 – As tradições históricas são chamadas de narrativas de eventos e ações faladas ou realizadas por Jesus Cristo e pelos Apóstolos. Aqueles que não estão contidos na Palavra escrita devem ser considerados escritos humanos e não devem ser comparados em verdade e autoridade com as Escrituras Canônicas.

8 – Estas narrativas foram omitidas pelos Evangelistas e Apóstolos porque, em primeiro lugar, nunca poderíamos captá-las todas por escrito e, em segundo lugar, as verdades essenciais destas narrativas estão plenamente contidas nas Escrituras Sagradas para acreditarmos que Jesus ​​é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhamos vida em seu Nome.

9 – As tradições cerimoniais são certos rituais não escritos que dizem respeito à ordem e decoro. Nelas, duas coisas devem ser consideradas: — [1] – A parte essencial das cerimônias, que diz respeito ao aspecto honroso e ordeiro encontrado nos rituais. Isso se refere, em suma, ao benefício e edificação do próximo. [2] – O aspecto acidental, que diz respeito às circunstâncias, modo, tempo, lugar, pessoas etc.

10 – A parte essencial do decoro e da ordem (pois é evidente que os aspectos cerimoniais do Antigo Testamento se tornaram obsoletos), por estar intimamente ligada às questões dogmáticas e éticas, e por estar inscrita na palavra de Deus consoante a sua natureza, é eterna e imutável. “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Coríntios 14:40). Já o aspecto acidental (ou seja, a própria natureza [ratio] das circunstâncias) é variável e mutável.

11 – Cerimônias de qualquer tipo podem ser corretamente divididas por nós em três categorias: — a primeira é boa, a segunda é má, e a terceira é indiferente e neutra.

12 – Consideramos como boas as cerimônias que se harmonizam com santidade, equidade, verdade, honestidade e ordem. Classificamos como más aquelas que repugnam a esses princípios. Já as cerimônias indiferentes e neutras são aquelas que, em razão de pessoas, lugares e tempos, podem ora concordar, ora conflitar com os princípios supracitados.

Paz e graça.
Pr. Dr. Plínio Sousa[2].

[1] – Franciscus Junius, o Velho (1545 – 1602), “On Traditions” (De Traditionibvs — Pars II) — https://www.reformedorthodoxy.org/post/7-de-traditionibvs-pars-ii — Acessado em 2024.

[2] – Tradutor: — notas e significações.

DOWNLOAD SOBRE AS TRADIÇÕES — PARTE 2

Descubra mais sobre INSTITUTO REFORMADO SANTO EVANGELHO (IRSE)

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading

×

Olá, visitante!

Clique em um dos nossos representantes abaixo para dirimir quaisquer dúvidas via WhatsApp ou envie–nos um e–mail para: [email protected]

×