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Miquéias 3:8 – 12 — Parte 2.

Aqui: — [1] – O profeta sente um poder divino acompanhando-o em seu trabalho, e faz disso uma declaração e um protesto solene, como aquilo que o justificaria e o apoiaria em seu plano, ao lidar com os príncipes e governantes. Ele não queria, e não ousaria ser audacioso com os homens que estavam em posição de autoridade sobre o povo, mas foi levado a fazer isto por um impulso profético e por uma impressão profética. Não era ele quem falava, mas Deus falava por meio dele, e ele não poderia deixar de falar a palavra que Deus havia colocado em sua boca. Ela era igualmente evidente na oposição feita aos falsos profetas, que ficaram cheios de vergonha quando viram a si mesmos comprovadamente como mentirosos, e como profetas que jamais tiveram coragem de tratar fielmente com o povo, mas o enganavam em seus pecados; eles estavam entregues aos prazeres dos sentidos, não tendo o Espírito; “mas decerto (diz Miquéias), eu sou cheio da força do Espírito do Senhor” – v. 8. Tendo em si mesmo a certeza da verdade do que dizia, ele disse com certeza. Compare-o com aqueles falsos profetas, e você dirá: — Não há comparação entre eles. “Que tem a palha com o trigo?” – Jeremias 23:28. O que tem o fogo pintado com o fogo real? Observe aqui: — [A] – Quais eram as qualificações que fariam com que este profeta permanecesse firme: — Ele estava “cheio da força do Espírito do Senhor e cheio de juízo e de ânimo”, e tinha um amor ardente por Deus e pelas almas dos homens, um interesse profundo pela glória de Deus e pela salvação do povo, e um zelo ardente contra o pecado. Ele tinha, da mesma forma, coragem para reprovar e testemunhar contra o pecado, não temendo a ira, fosse de grandes homens ou de grandes multidões; quaisquer que fossem as dificuldades ou desestímulos que enfrentasse, nada o impedia nem o desviava do seu trabalho; nenhuma destas coisas o moveu. E tudo isso era guiado pelo juízo e pela prudência; ele era um homem de sabedoria bem como de coragem; em toda a sua pregação havia luz como também calor, e um espírito de sabedoria bem como de zelo. Assim este homem de Deus recebia de bom grado toda palavra que tinha que dizer, e toda obra que tinha que realizar. Aqueles a quem ele pregava não podiam deixar de reconhecer que ele estava cheio de força e de juízo, pois sentiam tanto os seus entendimentos abertos como os seus corações ardendo, como evidência e demonstração, da força com que a palavra saía de sua boca. [2] – Observe a origem destas qualificações que ele possuía. Elas não vinham dele mesmo, mas a força de que ele estava cheio vinha do Espírito do Senhor. Sabendo que era realmente o Espírito do Senhor que estava nele, e que falava por ele, e que era uma revelação divina que ele entregava, Miquéias falava ousadamente, e, como que tendo autoridade, punha a o seu rosto como um seixo, sabendo que seria justificado e apoiado no que dizia (Isaías 50:7, 8). Observe que aqueles que agem honestamente podem agir com ousadia; e aqueles que têm a certeza de ter recebido uma comissão de Deus, não precisam ter medo da oposição dos homens. Ou melhor, Miquéias não só tinha o Espírito de profecia, que era a base da sua ousadia, mas o Espírito de santificação o fazia persistir na ousadia e na sabedoria que lhe eram indispensáveis. Não era pela sua própria força que ele era forte; pois para essas coisas, quem é idôneo, exceto segundo a operação da força do poder do Senhor? Porque dele vem toda a nossa suficiência. Estamos nós cheios de força em todos os momentos, para aquilo que é bom? É puramente pelo Espírito do Senhor, pois por nós mesmos somos fracos como a água; é o Deus de Israel que dá força e poder tanto ao seu povo como aos seus ministros. [3] – Que uso ele fez destas qualificações – este juízo e esta força. Ele declarou a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado. Se a transgressão for encontrada em Jacó e Israel, eles devem ser informados disto, e é tarefa dos profetas de Deus contar-lhes sobre isso, clamando em alta voz e não se detendo (Isaías 58:1). Aqueles que vêm para ouvir a palavra de Deus devem estar dispostos a ouvir a respeito das suas falhas, e não só devem dar aos ministros licença para lidarem claramente e fielmente com eles, como devem também aceitá-los bondosamente, e ser agradecidos; mas, visto que poucos têm mansidão suficiente para receber a repreensão, aqueles que têm que reprovar precisam de muita ousadia, e devem pedir ao precioso e bendito Senhor o espírito de sabedoria e de poder.

1 – O profeta exerce este poder ao lidar com os chefes da casa de Jacó – tanto os príncipes como os profetas, contra quem ele havia feito graves acusações na primeira parte do capítulo. Ele repete o apelo pela atenção deles (v. 9), o mesmo que vimos no verso 1, dirigindo-se aos príncipes da casa de Israel, querendo dizer, no entanto, os de Judá, pois parece (Jeremias 26:18, 19, onde o verso 12 é citado) que isto foi falado no reino de Ezequias; mas, uma vez que as dez tribos tinham ido para o cativeiro, Judá é tudo o que agora havia restado de Jacó e de Israel. O profeta fala respeitosamente a eles (“Ouvi agora isto, vós”) e lhes dá os títulos de chefes e maiorais. Os ministros devem ser fiéis aos grandes homens ao reprová-los por causa dos seus pecados, mas não devem ser rudes e incivilizados no seu tratamento para com eles. Agora observe aqui: — [1] – A grande fraqueza de que estes chefes da casa de Jacó eram culpados – chefes, sacerdotes e profetas; em resumo, eles eram cobiçosos e prostituíram os seus ofícios por causa do amor que tinham pelo dinheiro. [A] – Os príncipes abominavam todo juízo; eles não queriam ser governados por nenhuma das suas leis, fossem em sua própria prática ou ao proferir sentenças diante dos apelos que lhes eram feitos; eles pervertiam tudo o que era direito, e zombavam do fato de estarem sob a direção ou a correção da justiça, quando ela não poderia se tornar flexível em favor dos seus interesses seculares. Quando, sob o pretexto de fazer o que era certo, cometiam os erros mais palpáveis, então eles pervertiam a equidade, e a faziam servir a um propósito contrário ao fundador da magistratura e à fonte do poder. Eles são acusados (v. 10) de ter edificado Sião com sangue. “Eles fingem, em justificação da sua extorsão e opressões, que edificaram Sião e Jerusalém; eles acrescentam novas ruas e praças às cidades santas, e as ornamentam; eles estabelecem e propagam os interesses públicos tanto na Igreja como no estado, e acham que com isso prestam um bom serviço a Deus e a Israel. Mas o fazem com sangue e com iniquidade; portanto, não poderão prosperar; as suas intenções de bem para a cidade de Deus também não justificarão as suas contradições em relação à lei de Deus”. Erram aqueles que pensam que o zelo fervoroso pela Igreja santa, e a propagação da fé, servirão para consagrar os roubos e os homicídios, como também os massacres e as depredações; não, os muros de Sião não devem nenhuma gratidão àqueles que os edificaram com sangue e iniquidade. O pecado do homem não contribui com a justiça de Deus. “A função dos chefes é julgar os apelos que lhes são feitos; mas eles julgam por presentes (v. 11); eles dão as sentenças em favor daqueles que pagam suborno; a causa mais justa não será julgada sem a cobrança de uma taxa, e pelo pagamento de uma taxa a causa mais injusta será julgada”. Miserável é a situação do povo quando a pergunta do juiz sobre um caso não é: — “O que deve ser feito neste caso?”, mas: — “O que pode ser conseguido com este caso?”. [B] – O trabalho dos sacerdotes era ensinar o povo, e para isso a lei lhes havia provido um sustento muito honroso e confortável; mas isto não os deixava satisfeitos. Eles ensinavam por interesse, e eram contratados para ensinar qualquer coisa como um oráculo de Deus, contanto que os seus ensinos fossem agradáveis e proveitosos àqueles que os contratavam. [C] – Os profetas, ao que parece, recebiam taxas de honorários por meio de gratuidades (1 Samuel 9:7, 8); mas estes profetas mantinham o domínio de si mesmos profetizando perspectivas de vantagens temporais de acordo com o principal objetivo que tinham em vista: — Eles adivinhavam por dinheiro. As suas línguas eram mercenárias; eles profetizavam ou ignoravam, de acordo com o que considerassem mais vantajoso para eles; e um homem poderia ter o oráculo que quisesse se tão somente pagasse por ele. Desse modo, eles eram sucessores adequados de Balaão, que “amou o prêmio da injustiça”. Observe que embora aquilo que é iníquo jamais possa ser consagrado através de algum zelo pela Igreja, aquilo que é sagrado pode ser (e frequentemente é) profanado através do amor ao mundo. Quando os homens fazem aquilo que é bom em si, mas o fazem visando um lucro sórdido, isto perde a sua excelência, e se torna uma abominação para Deus e para o homem.

2 – A sua vã presunção e confiança carnal: — Eles se apóiam no Senhor; e por serem, em confissão, o seu povo, eles acham que não há dano nem perigo em suas práticas ímpias. A fé se baseia no Senhor, repousa nEle, e depende dEle como o fundamento da alma; a presunção apenas se apóia no Senhor como uma escora, e faz uso dEle para servir aos seus interesses, embora o mundo ainda seja o alicerce sobre o qual está edificada. Eles falam com muita segurança: — [1] – Da sua honra: — “Não está o Senhor no meio de nós?”. Não temos nós os sinais da sua presença conosco, sim, o seu templo, a sua arca, e os seus oráculos vivos? Eles são arrogantes por causa do monte santo e suas posições de honra (Sofonias 3:11), como se os seus privilégios como Igreja fossem mitigar a pior das práticas, ou como se a presença de Deus com eles se destinasse a tornar ricos os sacerdotes e o povo através da venda de suas práticas. Era verdade que, pelas suas ordenanças, o Senhor estava entre eles, e isto os envaidecia com orgulho; mas, se eles imaginavam que Ele estava entre eles por seu favor e amor, estavam enganados. E este é um engano que os filhos dos homens frequentemente trazem a si mesmos, ao pensarem que têm a Deus consigo, quando, por causa dos pecados que praticam, o têm provocado fazendo com que se afaste deles. [2] – Que estão confiantes da sua própria segurança: — “Nenhum mal nos sobrevirá”. Muitos estão dormindo profundamente, em uma segurança fatal diante dos seus privilégios como Igreja, como se estes privilégios fossem protegê-los no pecado e guardá-los do castigo, quando na verdade eles são, e serão, a causa dos maiores agravamentos do seu pecado e do seu castigo. Se o fato de terem o Senhor em seu meio não impede os homens de fazerem o mal, isto jamais evitará que eles sofram o mal por fazê-lo; e é um grande absurdo para os pecadores pensar que a sua impudência (falta de pudor; descaramento) os justificará, e lhes trará a impunidade.

3 – A sua condenação por causa da sua impiedade real, apesar da sua proteção imaginária (v. 12): — “Portanto, por causa de vós, Sião será lavrado como um campo”. Esta é a passagem que é citada como sendo uma palavra ousada falada por Miquéias (Jeremias 26:18), mas que Ezequias e seus príncipes, no entanto, aceitaram bem, embora em outro reinado ela quase tenha lhe custado a cabeça. Eles se arrependeram e se corrigiram, e assim a execução desta ameaça foi evitada, e não veio naqueles dias. [1] – A destruição de lugares santos é aqui predita, sim, dos lugares que tinham sido altamente honrados com os sinais da presença de Deus e com as práticas da sua adoração. E Sião que será lavrado como um campo; o seu edifício será queimado até o chão, e será deixado no nível do solo. Alguns observam que isto foi literalmente cumprido por ocasião da destruição de Jerusalém pelos romanos, quando o solo sobre o qual a cidade ficava foi lavrado em sinal de sua total assolação, e quando ficou determinado que nenhuma cidade deveria ser edificada naquele solo sem a licença do imperador. A própria Jerusalém, a cidade santa, se tornará em montões de ruínas, e o monte desta casa, sobre o qual o templo está edificado, se tornará como os lugares altos de um bosque, onde crescerão as sarças e os espinhos. Se os lugares sagrados forem contaminados pelo pecado, eles deverão esperar ser destruídos e arruinados pelos juízos de Deus. [2] – E a impiedade daqueles que presidem nestes lugares que traz a destruição: — “Por causa de vós, Sião será lavrada como um campo”; fingis que edificais a Sião, mas, fazendo-o através do sangue e da iniquidade, a demolireis. Observe que o pecado dos sacerdotes e príncipes é frequentemente a ruína de governos e Igrejas.

“Delirant regs, plectuntur Achivi – Os reis agem loucamente e o povo sofre por causa disso”.

Paz e graça.
Pr. Me. Plínio Sousa.

[1] – Comentário Matthew Henry.

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