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Até aqui nós discutimos a natureza da revelação que Deus nos deu em sua graça, fizemos algumas considerações sobre como a revelação veio à existência, e como, sob a normativa direção dos credos e das confissões, nós a temos conhecido. Também vimos o conteúdo da revelação e mostramos como essa revelação age na mente e no coração, no entendimento e na vida. Se nós estivemos olhando o edifício da revelação pelo lado de fora e tivemos alguma noção de sua arquitetura, nós vamos agora entrar no santuário para contemplar todo o tesouro de sabedoria e conhecimento contido nele e vamos deleitar nossos olhos nesse banquete. Não é necessário afirmar que nós podemos desenvolver o rico conteúdo dessa revelação de várias formas, e podemos colocar diante de nós seus vários modelos. Nós não vamos discutir cada uma dessas formas e modelos. Nós vamos limitar a discussão a dois métodos nos quais o conteúdo da doutrina cristã pode ser tratado, e frequentemente é. Em primeiro lugar, nós podemos ir direto ao cristão que, com a verdadeira fé em seu coração, que aceita o conteúdo da revelação, e então perguntar a ele de que forma ele chegou ao conhecimento da verdade, de quais pontos esse conhecimento consiste, e que fruto esse conhecimento tem produzido em seu pensamento e em sua vida. Esse é o ponto de vista assumido pelo nosso Catecismo de Heidelberg. O narrador desse catecismo é o cristão. Ele dá um abrangente e claro registro daquilo que na vida e na morte é seu único conforto e dos vários pontos que é necessário conhecer se quiser viver e morrer abençoadamente nesse conforto. Esse é um bonito método de tratamento. Ele relata a verdade imediatamente a toda a vida cristã, resguarda-a contra todos os argumentos acadêmicos e especulações inúteis, e em sua aproximação de toda doutrina aponta diretamente para o que é de valor para a mente e para o coração. Que benefício e conforto você recebe por crer em tudo isso? Que eu sou justificado diante de Deus em Cristo e um herdeiro da vida eterna. Mas há também outra forma pela qual as verdades da fé podem ser consideradas. Nós não estamos limitados ao método de voltar ao cristão e perguntar-lhe em que ele crê. Nós podemos também nos colocarmos na posição do cristão e assim tentar dar a nós mesmos e aos outros um registro baseado na Escritura do conteúdo de nossa fé. Dessa forma nós não vamos deixar que o desenvolvimento de nossa confissão seja determinado pelas questões que nos são dirigidas sobre ela. De acordo com esse segundo método nós mesmos vamos expor positivamente o conteúdo de nossa fé. Em vez disso nós tentamos traçar que ordem está objetivamente presente nas verdades da fé, como estão elas relacionadas umas às outras e qual é o princípio governante de todas elas. Essa é a ordem seguida na Confissão de Fé Reformada. Nessa Confissão o cristão também é o narrador, mas ele não espera que as perguntas lhe sejam impostas. Em vez disso ele mesmo explica o conteúdo de sua fé. Ele crê com seu coração e confessa com sua boca que Deus fala às Igrejas em sua Palavra através de seu Espírito. Esses dois métodos de tratamento, evidentemente, não são opostos um ao outro. Eles se completam entre si e são ambos de grande valor. Para as Igrejas Reformadas e também para as Escolas Cristãs Reformadas, é um privilégio inavaliável que nós possuamos a Confissão de Fé paralelamente ao Catecismo, e o Catecismo paralelamente à Confissão de Fé.

O que os dois juntos nos dão é o objetivo e o subjetivo, o teológico e o antropológico.

Eles estão mesclados e o coração e a mente são reconciliados através deles. Dessa forma a verdade de Deus se torna uma bênção tanto para a mente quanto para a vida. Que esses dois métodos de organização do conteúdo da revelação não são opostos, mas complementares e se equilibram um ao outro, é fartamente provado pelo fato de que, não apenas no Catecismo, mas também na Confissão de Fé, é o cristão quem fala. Em ambos o cristão não está isolado, mas é um companheiro de todos os seus irmãos e irmãs. É a Igreja, o corpo dos crentes, que se expressa nele. Todos nós cremos com o coração e confessamos com a boca — tais são as palavras de abertura da Confissão e assim ela continua, e assim ela termina. É uma verdadeira confissão cristã contendo o sumário da doutrina de Deus e da eterna salvação das almas.

A doutrina de Deus e a doutrina da eterna salvação das almas não são duas doutrinas independentes que nada têm a ver uma com a outra. Pelo contrário, elas estão inseparavelmente relacionadas uma com a outra. A doutrina de Deus é ao mesmo tempo a doutrina da eterna salvação das almas, e a segunda está incluída na primeira. O conhecimento de Deus na face de Jesus Cristo, seu Filho, essa é a vida eterna (João 17:3). Esse conhecimento de Deus é diferente em tipo, mas não em grau daquele que nós obtemos na vida diária ou na escola. E um tipo peculiar de conhecimento. Ele difere em princípio, objeto e efeito de todo tipo de conhecimento, como já mostramos no capítulo 2[1]. “Esse conhecimento está ligado à mente e também ao coração. Ele não nos torna mais “estudados”, mas ele nos torna mais sábios, melhores e mais felizes”. Ele nos torna abençoados e nos dá a vida eterna, no porvir e aqui e agora. As três coisas que é necessário que nós conheçamos não terminam aqui. Nós devemos ser abençoados também na morte. Esse é o nosso fim, e nós devemos, também na vida, ser abençoados. Aquele que crê no Filho tem a vida (João 3:16). Abençoados são os puros de coração, pois possuem a promessa de que verão a Deus (Mateus 5:8), pois foram salvos na esperança (Romanos 8:24).

Uma vez que tenhamos recebido o princípio da vida eterna em nossos corações, nós não podemos fazer outra coisa senão conhecer mais sobre aquele — Deus — que nos concede essa vida. Mais e mais nós olhamos para aquele que é a fonte de nossa salvação. Do conforto que nós desfrutamos em nossos corações, e do benefício e do fruto que o conhecimento de Deus produz em nós mesmos e em nossas vidas, nós sempre voltamos ao culto do Ser Eterno. E então, nós descobrimos que Deus não existe para nós, mas nós existimos para Ele. Nós não estamos ignorando nossa salvação, estamos apenas afirmando que essa salvação é um meio para que Ele seja glorificado.

O conhecimento de Deus nos deu vida, e a vida que foi dada nos conduz de volta ao conhecimento de Deus. Em Deus nós encontramos todo o nosso bem estar e toda a nossa glória. Ele se torna o objeto de nosso culto, o tema de nossa canção, a força de nossa vida. De Deus, através de Deus e para Deus são todas as coisas — essa se torna a escolha de nosso coração e o tema de nosso trabalho. Nós mesmos e todas as criaturas ao nosso redor nos tornamos meios para que Ele seja glorificado. A verdade é que nós amamos primeiramente porque Ele nos deu vida, e depois disso Ele se tornou cada vez mais e mais querido a nós, por causa de si mesmo, por causa do que Ele nos revela a respeito do seu ser eterno. Toda a doutrina de fé, no todo ou em partes, torna-se uma proclamação de louvor a Deus, uma exibição de suas excelências, uma glorificação de seu nome. O Catecismo nos conduz à Confissão de Fé. Quando nós tentamos refletir sobre o significado do fato de nós, criaturas pobres, fracas e pecadoras, termos conhecimento do Deus infinito e eterno, uma profunda reverência e uma timidez santa apertam nossos sentimentos. Será verdade que na mente escurecida de um ser humano culpado, alguma luz pode cair daquele que nenhum homem pode ver, que mora em luz inacessível (1 Timóteo 6:16), que é pura luz e em quem não há escuridão (1 João 1:5)? Há muitas pessoas e ainda haverá muitas outras, que dão uma resposta negativa a essa questão. Mas a negação da cognoscibilidade[2] de Deus pode ter sua origem em dois tipos de atitudes mentais.

Hoje em dia esse temperamento cético é o resultado de argumentos científicos puramente abstratos e racionalistas. Os céticos dizem que o conhecimento que está disponível à mente humana é limitado aos fenômenos empiricamente observáveis, eles argumentam que é uma contradição afirmar, por um lado, que Deus tem personalidade, mente e vontade, e, por outro lado, afirmar que Ele é infinito, eterno e absolutamente independente. A esses céticos nós prontamente replicamos que de fato não pode haver conhecimento de Deus na mente do homem, a menos que Deus, de uma forma geral na natureza e na história, ou de uma forma especial em seu Filho, revele-se a si mesmo.

“Portanto, se Deus revelou-se a si mesmo, segue-se que Ele pode ser conhecido na medida em que se revelou”.

Mas se alguém afirmar que de nenhuma forma e por nenhum meio Ele se revelou, a implicação é que o mundo tem existido eternamente paralelo a Deus e independente dEle, e que Deus não poderia revelar-se nele ou através dele. E essa implicação considerada em toda a sua profundidade seria que nós nunca poderíamos falar sobre Deus, pois essa palavra seria apenas um som vazio, que não possui fundo ou base na realidade. O assim chamado agnosticismo — “a doutrina da incognoscibilidade de Deus” — tornar-se-ia, na prática, idêntica ao ateísmo — “a negação da existência de Deus”. Mas essa negação da cognoscibilidade de Deus, também pode surgir de um profundo senso de pequenez e nulidade combinado com a infinita grandeza e a majestade esmagadora de Deus. Nesse sentido, o reconhecimento de que nós nada sabemos e de que o conhecimento de Deus é maravilhoso demais para nós, tem sido a confissão de todos os santos. Nos pais e mestres da Igreja a afirmação geralmente é que, refletindo sobre Deus, o homem poderia na análise final dizer melhor o que Deus não é do que o que Deus é. “Calvino em algum lugar admoesta seus leitores a não tentar, por sua própria força, descobrir os segredos de Deus, pois esses mistérios transcendem nossa frágil capacidade de conhecimento”. Apesar dessa humilde confissão da sublime majestade de Deus e da pequenez do homem, poder, em um certo sentido, ser chamada de negação da cognoscibilidade de Deus, parece que, a fim de evitarmos um entendimento equivocado, e de acordo com o ensino da Palavra de Deus, nós devemos fazer distinção entre a cognoscibilidade de Deus e a sua insondabilidade. Certamente não há livro no mundo que, na mesma extensão e da mesma forma que a Sagrada Escritura, sustente a absoluta transcendência de Deus sobre todas as criaturas e ao mesmo tempo sustente o íntimo relacionamento entre a criatura e seu Criador.

Logo na primeira página da Bíblia, a absoluta transcendência de Deus sobre todas as suas criaturas chama nossa atenção. Sem esforço ou fadiga Ele chama o mundo à existência somente através de sua palavra. Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles (Salmos 33:6). Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir (Salmos 33:9). Segundo a sua vontade Ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa lhe deter a mão e dizer: — “Que fazes?” (Daniel 4:35). “Eis que as nações são consideradas por Ele como um pingo que cai de um balde, e como um grão de pó na balança; as ilhas são como pó fino que se levanta. Nem todo o Líbano basta para queimar, nem todos os seus animais, para um holocausto. Todas as nações são perante Ele como coisa que não é nada; Ele as considera menos do que nada, como um vácuo. Com que comparareis a Deus? Ou que coisa semelhante confrontareis com Ele?” (Isaías 40:15 – 18). “Pois quem nos céus é comparável ao Senhor? Entre os seres celestiais, quem é semelhante ao Senhor?” (Salmos 89:6). Não há nome pelo qual Ele verdadeiramente possa ser chamado: — seu nome é maravilhoso[3]. Quando Deus fala a Jó de dentro de um redemoinho e coloca a magnitude de suas obras diante dele, Jó humildemente curva sua cabeça e diz: — “Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca” (Jó 40:4). Deus é grande, e nós não podemos compreendê-lo (Jó 36:26). Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: — é sobremodo elevado, não o posso atingir (Salmos 139:6). Contudo, esse mesmo Deus exaltado e sublime mantém um íntimo relacionamento com todas as suas criaturas, até mesmo com a menor e mais miserável. O que as Escrituras nos dão não é um conceito abstrato de Deus, como o que os filósofos nos dão. A Escritura coloca diante de nós o Deus vivo e deixa que nós o vejamos pelas obras de suas mãos. Nós temos que levantar nossos olhos e ver que Ele fez todas as coisas. Todas as coisas foram feitas pela sua mão, criadas por sua vontade e por seu ato. E todas elas são sustentadas pelo seu poder. Portanto todas as coisas apresentam o selo de suas excelências e a marca de sua bondade, sabedoria, e poder. E dentre todas as criaturas somente o homem foi criado à sua imagem e semelhança. Somente o homem é chamado de geração de Deus (Atos 17:28). Por causa desse relacionamento íntimo, Deus pode ser chamado em termos de suas criaturas, e podemos falar dEle antropomorficamente. A mesma Escritura que fala de modo mais exaltado da incomparável grandeza e majestade de Deus, ao mesmo tempo fala dEle em figuras e imagens refulgentes. Ela fala de seus olhos e ouvidos, de suas mãos e pés, de sua boca e de seus lábios, de seu coração e de suas entranhas. Ela descreve todos os tipos de atributos de Deus — de sabedoria e conhecimento, vontade e poder, justiça e misericórdia, e descreve também suas emoções, tais como, alegria e pena, ira, zelo e ciúme, arrependimento, ódio e raiva. A Escritura fala de Deus pensando e observando, ouvindo e vendo, lembrando-se e esquecendo-se, cheirando e provando, sentando-se e levantando-se, visitando e abandonando, abençoando e castigando. A Escritura compara Deus com o sol e com a luz, com uma fonte e com uma nascente, com uma rocha e com um refúgio, com uma espada e com um escudo, com um leão e com um juiz, com um marido e com um pastor, com um homem e com um pai. Em resumo, tudo o que pode ser encontrado em todo o mundo na forma de suporte, e abrigo e socorro é original e abundantemente encontrado em Deus. De Deus toda a família, tanto no céu como sobre a terra, toma o nome (Efésios 3:15). Ele é o Sol e todas as criaturas são seus raios. É importante, portanto, na questão do conhecimento de Deus, manter esses dois tipos de afirmações concernentes ao ser divino e fazer justiça tanto a um quanto ao outro, pois se nós sacrificamos a absoluta transcendência de Deus sobre todas as suas criaturas, nós caímos no politeísmo (a religião pagã de muitos deuses) ou no panteísmo (a religião na qual tudo é Deus), duas religiões que, de acordo com a lição da história, estão intimamente relacionados um com o outro e facilmente pode-se passar de um para o outro. E se nós sacrificamos o íntimo relacionamento de Deus com suas criaturas nós caímos na esteira do Deísmo — “crença em Deus sem auxílio de uma revelação” — ou no ateísmo — “a negação da existência de Deus —, duas religiões que, assim como as outras duas, possuem muitas características em comum uma com a outra. A Escritura apega-se aos dois grupos de características (transcendência e relacionamento), e a Teologia cristã tem seguido essa norma. Deus realmente não tem um nome de acordo com o qual nós possamos conhecê-lo verdadeiramente, e Ele se chama e nos deixa chamá-lo por muitos, muitos nomes. Ele é o infinitamente exaltado, e ao mesmo tempo é aquele que vive com todas as suas criaturas. “Em certo sentido nenhum dos seus atributos pode ser compartilhado, e em outro sentido eles podem ser compartilhados”. Nós não podemos sondar esses atributos com nossa mente. Não existe algo como um conceito adequado de Deus. Ninguém pode dar uma definição, uma delimitação de Deus que seja adequada ao seu ser. O nome que expresse plenamente o que Ele é não pode ser encontrado. Mas um grupo de características como as que foram dadas acima não entra em conflito com o que Ele é. Precisamente porque Deus é o “Alto e Exaltado”, e vive na eternidade, Ele também mora com aqueles que são contritos e abatidos de espírito (Isaías 57:15). Nós sabemos que Deus não se revela para que nós formulemos um conceito filosófico de Deus a partir de sua revelação, mas para que nós aceitemos o Deus vivo e verdadeiro como nosso Deus, e que o reconheçamos e o confessemos. Essas coisas são escondidas dos sábios e entendidos, mas são reveladas aos pequeninos (Mateus 11:25). O conhecimento que nós obtemos de Deus através de sua revelação é, portanto, um conhecimento de fé. “Ele não é adequado, no sentido de que não é equivalente ao ser de Deus, pois Deus é infinitamente exaltado acima de todas as suas criaturas”. Tal conhecimento não é puramente simbólico — ou seja, formulado em expressões arbitrariamente formadas e que não correspondem à realidade; em vez disso esse conhecimento é ectípco (ectípco – “uma impressão”) ou analógico (analogia – “correspondência ou similaridade em forma”) porque é baseado na semelhança e no relacionamento que, não obstante a absoluta majestade de Deus, existe entre Deus e todas as obras de suas mãos.

“O conhecimento que Deus dá de si mesmo na natureza e na Escritura é limitado, finito, fragmentário, mas é verdadeiro e puro”.

Assim é Deus, e Ele se revelou em sua Palavra e especificamente em e através de Cristo; e só Ele preenche as necessidades de nosso coração.

O esforço de se levar em conta todos os dados das Sagradas Escrituras quanto sua doutrina a Deus e manter tanto sua transcendência quanto seu relacionamento com suas criaturas, levaram a Igreja Cristã a fazer distinção entre dois grupos de atributos do ser divino. Esses dois grupos receberam vários nomes desde os tempos da Igreja primitiva.

“A Igreja Romana ainda prefere falar em atributos negativos e positivos, os luteranos falam em atributos inativos e operativos e a Igreja Reformada fala em atributos incomunicáveis e atributos comunicáveis”.

Todavia, no fundo, essa divisão é equivalente em todas essas Igrejas. O objetivo de cada uma delas é insistir na transcendência de Deus — “sua distinção e sua elevação sobre todo o mundo” — e em sua imanência — “seu contato e sua habitação no mundo”. Os nomes Reformados de atributos incomunicáveis e atributos comunicáveis fazem mais justiça ao seu propósito do que os nomes dados pelos católicos e pelos luteranos. A insistência sobre o primeiro grupo de atributos livra-os do politeísmo e do panteísmo; e a insistência sobre o segundo grupo protege-os contra o deísmo[4] e o ateísmo. Apesar de todas as nossas designações para esses atributos serem inadequadas, não há objeções convincentes para que deixemos de usar os termos Reformados. O que nós devemos fazer é nos lembrarmos que os dois grupos de atributos, “incomunicáveis e comunicáveis”, não ficam um ao lado do outro em total separação. A força da distinção não deve ser perdida, e a verdade dessa distinção é que Deus possui todos os seus atributos incomunicáveis em um sentido absoluto e infinito e, portanto, “incomunicável grau”. É verdade que o conhecimento de Deus, sua sabedoria, sua bondade, sua justiça e outros atributos do mesmo tipo, possuem certas características em comum com aquelas mesmas virtudes que existem em suas criaturas, mas elas são peculiares a Deus de uma forma independente, imutável, eterna, onipresente, simples — ou, em uma palavra, em uma forma absolutamente divina. Nós, como seres humanos, podemos fazer distinção entre o ser e os atributos de pessoas. Um ser humano pode perder seu braço ou sua perna, ou, em um estado de sono ou doença, perder a consciência, sem deixar de ser humano. Mas em Deus isso é impossível. “Seus atributos coincidem com seu ser. Todo atributo é seu ser. Ele é sabedoria, verdade, santidade, justiça e misericórdia. Portanto Ele é, também, a fonte de todos os atributos do homem”. Ele é tudo o que Ele possui e é a fonte de tudo o que suas criaturas possuem. Ele é a abundante fonte de todos os bens.

Os atributos incomunicáveis de Deus são aquelas virtudes ou excelências que demonstram que tudo o que existe em Deus, existe em uma forma absolutamente divina, e, portanto, não pode ser compartilhada com suas criaturas. Esse grupo de atributos afirma a absoluta exaltação e incomparabilidade de Deus, e tem sua expressão máxima no nome “Elohim”, ou “Deus”. De fato o nome deus é também aplicado às criaturas na Bíblia. As Escrituras mencionam não apenas os ídolos dos pagãos como deuses, como por exemplo quando nos proíbe de ter qualquer outro deus diante do Deus vivo (Êxodo 20:3). Elas também designam Moisés como deus para Aarão (Êxodo 4:16) e para Faraó (Êxodo 7:1), e falam dos juízes como deuses entre os homens (Salmos 82:1, 6); e Cristo apela a essa designação dos Salmos em sua própria defesa (João 10:33 – 35). Contudo esse uso da linguagem é derivado, imitativo. O nome de deus original e essencialmente pertence somente a Deus. E com esse nome que nós sempre associamos a idéia de um ser pessoal, mas que também é poderoso acima de todas as suas criaturas e de tipo eterno.

O mesmo acontece com os atributos incomunicáveis que Ele possui. Eles são peculiares e próprios somente dEle, não são encontrados nas criaturas, e não podem ser compartilhados com elas, pois todas as criaturas são dependentes, mutáveis, compostas e sujeitas ao tempo e ao espaço. “Mas Deus é independente no sentido de que Ele não é determinado por nada e tudo é por Ele determinado” (Atos 17:20; Romanos 11:36). Ele é imutável, pois Ele permanece o mesmo para sempre, enquanto que todos os tipos de variações e mudanças são próprios das criaturas e do relacionamento que elas mantêm com Deus (Tiago 1:17). Ele é simples, não composto, completamente livre de toda composição de espírito e matéria, pensamento e extensão, ser e propriedades, razão e vontade, componentes de qualquer espécie e tudo o que Ele tem é pura verdade, vida e luz[5]. Ele é eterno, pois transcende o tempo e penetra todos os momentos do tempo com sua eternidade (Salmos 90:2). E Ele é onipresente, pois transcende todo o espaço e ainda preenche todos os pontos do espaço com seu poder e com sua força sempre presente[6]. Nos tempos modernos há poucos observadores que negam todo o mérito religioso desses atributos incomunicáveis e nada vêem neles, além de abstrações metafísicas. Mas o oposto é provado pelo fato de que qualquer sacrifício dessas distinções, imediatamente abre a porta para o panteísmo ou o politeísmo. Se Deus não é independente e imutável, eterno e onipresente, simples e livre de composição, então Ele é puxado para o nível da criatura e identificado com o mundo em sua totalidade ou com uma de suas forças. O número está sempre aumentando daqueles que trocam o Deus da revelação por uma imanente força mundial ou daqueles que confessam o politeísmo em vez de um único e verdadeiro Deus. Está claro que a unidade e a indivisibilidade de Deus estão diretamente relacionadas com os seus atributos incomunicáveis[7]. Deus é o único Deus somente se ninguém e nada puder ser o que Ele é paralelamente a Ele ou sobre Ele. E somente se Ele for independente, imutável, eterno e onipresente Ele pode ser o Deus de nossa fé incondicional, de nossa absoluta confiança, e de nossa perfeita salvação.  Entretanto, nós precisamos de algo mais do que esses atributos incomunicáveis. Que bem nos faria saber que Deus é independente e imutável, eterno e onipresente, se nós não soubéssemos que Ele é compassivo, gracioso e muito misericordioso? É verdade que os atributos incomunicáveis nos falam da forma pela qual tudo o que está em Deus existe nEle; mas eles nos deixam nas trevas a respeito do conteúdo do ser divino. Isso não acontece com os atributos comunicáveis. Eles nos mostram que esse Deus que é tão infinitamente exaltado e sublime também mora com suas criaturas, e possui todas as virtudes que em uma forma derivada e limitada também são próprias das suas criaturas. Ele não é apenas um Deus de longe, mas também de perto. Ele não é apenas independente e imutável, eterno e onipresente, mas também sábio e poderoso, justo e santo, gracioso e misericordioso. Ele é não apenas “Elohim”, mas também “Jeová”. Assim como os atributos incomunicáveis são bem expressos no nome “Elohim”, assim também os atributos comunicáveis são bem expressos no nome “Jeová”. A derivação e o significado original desse nome não são do nosso conhecimento. Muito provavelmente ele existiu por algum tempo antes de Moisés — como parece ser sugerido pelo nome próprio Joquebede, mas nesse tempo Deus ainda não tinha ainda se feito conhecido por esse nome ao seu povo. Ele se revela a Abraão como “El Shadai”, o Deus Todo–poderoso (Gênesis 17:1; Êxodo 6:2), que domina todas as forças da natureza e faz com que elas sirvam à sua graça. Mas agora que centenas de anos se passaram e Deus parece ter se esquecido de seu pacto com os patriarcas e sua promessa a eles, então Ele se faz conhecido a Moisés como “Jeová”, ou seja, como o Deus que é o mesmo que apareceu aos patriarcas, que é fiel ao seu pacto, que cumpre sua promessa, e que, através dos séculos, se mantém sempre ao lado de seu povo. O significado de “Jeová”, então, é: — “Eu sou o que sou — Eu serei o que serei — e esse nome revela a fidelidade imutável de Deus em seu relacionamento com Israel”. Jeová é o Deus do pacto que, de acordo com seu amor soberano, escolheu seu povo e fez dele propriedade sua. Dessa forma, enquanto o nome “Elohim”, Deus, aponta para o ser eterno, em sua soberana elevação sobre o mundo, o nome “Jeová”, Senhor, afirma que esse mesmo Deus tem voluntariamente se revelado ao seu povo como um Deus de santidade, graça e fidelidade. Toda a questão religiosa de Israel, desde os tempos antigos até os nossos dias, está relacionada, em sua essência, com a questão de quem é Deus. Os pagãos e muitos filósofos antigos e modernos dizem que “Jeová” é apenas o Deus de Israel — um Deus, limitado, nacional e pequeno. Mas Moisés e Elias e todos os profetas, Cristo e todos os seus discípulos, tomam a posição oposta e dizem que só o Senhor, que firmou um pacto com os patriarcas e com o povo de Israel, é o único, eterno e verdadeiro Deus, e que não há outro além dEle (Isaías 43:10 – 15; 44:6). Portanto Jeová de fato é o verdadeiro e característico nome de Deus (Isaías 42:8; 48:12). O Deus do pacto que de forma tão condescendente veio para o seu povo e que mora com aqueles que são contritos e humildes de espírito é, ao mesmo tempo, o “Alto e Sublime” (Isaías 57:15). Como podemos ver, esses dois tipos de atributos não entram em conflito um com o outro. Nós podemos dizer que cada atributo ilumina e reforça os outros. Considere, por exemplo, o amor de Deus. Nós não poderíamos falar sobre ele se o atributo que o homem chama de amor não fosse, em um certo sentido, uma impressão, imagem, ou semelhança do amor que existe em Deus. Há uma certa correspondência entre o amor divino e o amor humano, ou então tudo o que nós estamos falando sobre o amor de Deus é um som vazio. Contudo essa similaridade não significa identidade. O mais puro e mais forte amor entre os homens é apenas um fraco reflexo do amor que existe em Deus. Podemos aplicar aqui o que aprendemos sobre os atributos incomunicáveis de Deus. Com eles nós aprendemos que o amor de Deus transcende o amor de suas criaturas, pois o amor de Deus é independente, imutável, simples, eterno e onipresente. Ele não depende de nós, nem é despertado por nós, mas flui, livre e puro, das profundezas do ser divino. Ele não conhece variação, não aumenta nem diminui, não aparece nem desaparece, e não há nem mesmo sombra de mudança nEle. Ele não é meramente uma propriedade do ser divino isolada de outras propriedades ou atributos, e nunca entra em conflito com eles, mas coincide com o ser divino. Deus é amor, completa e perfeitamente, e com todo o seu ser, Deus é amor. Esse amor não é sujeito ao tempo e ao espaço, mas está acima tanto de um quanto de outro, e vem da eternidade para o coração dos filhos de Deus. Tal amor é absolutamente digno de confiança. Nossa alma pode descansar nele em qualquer necessidade, inclusive na morte, e se tal Deus de amor é por nós, quem será contra nós? E o mesmo pode ser dito de todos os atributos comunicáveis. Há nas criaturas de Deus uma vaga semelhança do conhecimento e da sabedoria, da bondade e da graça, da justiça e da santidade, da vontade e do poder que são próprios de Deus. Tudo o que é transitório é uma imagem. O visível veio a existir das coisas que não parecem (Hebreus 11:3). Todos esses atributos estão presentes em Deus de forma original, independente, imutável, simples e infinita. “Sabei que o Senhor é Deus; foi Ele quem nos fez, e dEle somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio” (Salmos 100:3). Os atributos comunicáveis são tão numerosos que é impossível enumerá-los e descrevê-los aqui. Se nós quiséssemos tratar deles adequadamente nós teríamos que fazer uso de todos os nomes, imagens e comparações que as Sagradas Escrituras usam para nos dar uma idéia de quem e de que Deus é para suas criaturas e, especificamente, para seu povo. As Escrituras, como nós indicamos de passagem, mencionam os órgãos do corpo de Deus, tais como olhos e ouvidos, mãos e pés. Ela transfere para Deus características humanas, tais como emoções, paixões, decisões e ações. Ela se refere a Ele com os nomes de ofícios e vocações como as que são encontradas entre os seres humanos, chamando-o de rei, legislador e juiz, guerreiro e herói, marido e pastor, homem e pai. A Escritura usa todo o mundo orgânico e inorgânico para fazer com que Deus seja real para nós, e compara-o com um leão, uma águia, um sol, um fogo, uma fonte, um escudo, e assim por diante. E todas essas formas de expressão constituem forma de ajudar-nos a conhecer Deus e dar-nos uma profunda impressão da auto suficiência de seu ser. Nós, seres humanos, precisamos de todo o mundo ao nosso redor para nossa existência física e espiritual, pois nós somos pobres e fracos em nós mesmos e nada possuímos. Mas tudo isso de que nós precisamos, tanto para alma quanto para o corpo, tanto para o tempo quanto para a eternidade, está, sem exceção, disponível para nós — original, perfeito e infinito — em Deus. Ele é o mais alto bem e a fonte de todos os bens. A primeira coisa que a Sagrada Escritura quer nos dar, ao fazer uso de todas aquelas descrições e nomes do ser divino, é uma noção inerradicável do fato de que “Jeová”, o Deus que se revelou a Israel e em Cristo, é o Deus vivo e verdadeiro. Os ídolos dos pagãos e os ídolos dos filósofos (panteísmo, politeísmo, deísmo e ateísmo) são obras das mãos dos homens: — “eles não podem falar, nem ver, não podem ouvir nem provar, nem andar”. Mas o Deus de Israel está no céu e faz tudo o que deseja. Ele é o único Deus (Deuteronômio 6:4), o único Deus verdadeiro (João 17:3), o Deus vivo[8]. As pessoas querem tratar Deus como se Ele fosse um Deus morto, pois assim poderiam fazer com Ele o que bem quisessem. Mas a mensagem da Escritura revela que isso é errado. Deus existe. Ele é o verdadeiro Deus que está vivo, agora e por toda a eternidade. E horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hebreus 10:31). Sendo o Deus vivo, que é a pura vida e a fonte de toda vida (Salmos 36:9; Jeremias 2:13), Ele é também Espírito (João 4:24), sem corpo, muito embora todos os tipos de órgãos sejam atribuídos a Ele (Deuteronômio 4:12, 16). Portanto nenhuma imagem, semelhança ou similitude pode ser feita dEle (Deuteronômio 4:15 – 19). Ele é invisível[9]. Como Espírito Ele tem consciência, perfeito conhecimento de si mesmo (Mateus 11:27; 1 Coríntios 2:10), e em si mesmo Ele também tem conhecimento de tudo o que existe e acontece no tempo, e nada pode ser escondido dEle, por menor que seja[10]. Por ser Espírito Ele tem vontade, e por meio dela Ele faz tudo o que lhe agrada (vontade secreta ou conselho)[11], e determina qual deve ser a norma que governará sua conduta (vontade revelada ou mandamento)[12]. E, finalmente, como Espírito Ele tem poder, por meio do qual, apesar de toda e qualquer oposição, Ele executa o que tinha planejado e por isso nada é impossível para Ele[13]. Mas esse conhecimento ou consciência, essa vontade e poder, não são arbitrários. Eles são eticamente determinados em todas as suas partes. Isso se expressa na sabedoria que nas Sagradas Escrituras é atribuída a Deus[14], e por meio da qual Ele organiza e dirige todas as coisas de acordo com o propósito que Ele determinou para elas na criação e na recriação[15]. Essa realidade moral encontra sua maior expressão, por um lado, na bondade e na graça, e, por outro lado, na santidade e na justiça que são atribuídas a Deus. Ele não é apenas o todo sábio e o todo poderoso; Ele é também o todo bom e o único bom (Mateus 5:45), Ele é perfeito e a fonte de tudo o que é bom em suas criaturas (Salmos 145:9). Essa bondade de Deus se espalha por todo o mundo (Salmos 145:9; Mateus 5:45), mas varia de acordo com os objetos aos quais é dirigida, assumindo várias formas. Ela é chamada longanimidade ou paciência quando é manifestada ao culpado (Romanos 3:25), graça quando é manifestada àqueles que recebem o perdão de pecados (Efésios 2:8) e amor quando Deus, movido por sua graça em direção às suas criaturas, dá-se por elas (João 3:16; 1 João 4:18). Ela é chamada misericórdia quando essa bondade de Deus é manifesta àqueles que desfrutam de seu favor[16], e agrado ou bem querer quando a ênfase recai sobre o fato de que a bondade e todos os seus benefícios são dádivas[17].

A santidade e a justiça de Deus caminham de mãos dadas com a sua bondade e com a sua graça. Deus é chamado o Santo não apenas porque Ele é exaltado sobre todas as suas criaturas, mas especialmente porque Ele é separado de tudo o que é pecaminoso e impuro no mundo. Portanto, Ele exige que seu povo, que pela sua livre graça Ele escolheu para que fosse seu, seja santo[18], e Ele se santifica a si mesmo nesse povo através de Cristo (Efésios 5:26, 27), pois apesar de Cristo ter santificado a si mesmo por seu povo e em lugar dele, esse povo pode ser santificado na verdade (João 17:19). E a retidão e justiça de Deus estão intimamente relacionadas com a sua santidade, pois, sendo o Santo, Ele não pode ser amigo do pecado. Ele abomina o pecado (Salmos 45:7; Jó 34:10), levanta-se contra ele (Romanos 1:18), é zeloso de sua honra (Êxodo 20:5) e, portanto, não pode inocentar o culpado (Êxodo 25:5, 7). Sua natureza santa requer também que, fora de si mesmo, no mundo de suas criaturas, Ele mantenha a justiça e, de forma imparcial, retribua a cada um segundo as suas obras (Romanos 2:2 – 11; 2 Coríntios 5:10). Hoje em dia há aqueles que tentam fazer com que outras pessoas acreditem que Deus não se importa com os pensamentos e atos pecaminosos do homem. Mas o Deus vivo e verdadeiro que as Escrituras nos apresentam pensa muito diferente sobre isso. Sua ira contra o pecado é terrível, e Ele pune o pecador tanto temporalmente quanto eternamente por meio de um justo julgamento (Deuteronômio 27:26; Gálatas 3:10). Mas Ele não apenas pune os incrédulos de acordo com sua justiça. E um ensino notável das Escrituras que de acordo com essa mesma justiça Ele conceda salvação aos santos. De fato, esses santos são pecadores também, e em nada são melhores do que os outros. Mas enquanto o incrédulo oculta os seus pecados ou os encobre, os santos os reconhecem e confessam. Essa é a distinção entre eles. Apesar de serem pessoalmente culpados e impuros, eles estão do lado de Deus e contra o mundo. Eles podem, portanto, apelar à promessa do “Pacto da Graça”, à verdade da Palavra de Deus, à justiça que Deus realizou em Cristo. Em termos dessa justiça nós podemos dizer, corajosa e reverentemente, que Deus é obrigado a perdoar os pecados de seu povo e dar-lhe vida eterna[19]. E se Deus deixa que seu povo espere por Ele e prova sua fé por um longo tempo, segue-se que em sua perfeita redenção a integridade e a fidelidade de Deus são demonstradas mais gloriosamente[20]. O Senhor aperfeiçoará aqueles que pertencem a seu povo, pois sua misericórdia dura para sempre (Salmos 138:8). O Senhor é misericordioso e gracioso, longânimo e abundante em bondade e verdade[21]. “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso Deus”[22]. Esse Deus é o nosso Deus para todo o sempre; Ele será o nosso guia até à morte (Salmos 48:14). Ele é um Deus abençoador e glorioso (1 Timóteo 6:15; Efésios 1:17).

“E feliz é o povo cujo Deus é o Senhor” (Salmos 33:12).

Paz e graça.
Pr. Me. Plínio Sousa[23].

BAVINCK, Hermann, Teologia Sistemática, Fundamentos Teológicos da Fé Cristã, p. 139 – 154, SOCEP, 2001.

[1] – Cf. O CONHECIMENTO DE DEUS

[2] – Cf. A COGNOSCIBILIDADE DE DEUS

[3] – Gênesis 32:29; Juízes 13:18; Provérbios 30:4.

[4] – Deísmo é a crença em um Deus superior e que sua existência pode ser provada pela razão e a observação do mundo físico. Os deístas normalmente não acreditam que Deus interfere em nosso mundo. O Deísmo rejeita a divindade de Jesus e a inspiração divina da Bíblia. O Deísmo ensina que tudo deve ser avaliado pela razão. Assim, rejeita tudo que não tem explicação racional. Os deístas acreditam que existe evidência racional para a existência de um deus ou algo superior a nós. A ordem e a extrema complexidade do universo não podem ser frutos do caos e do acaso. Um mundo tão inteligente exige um Criador inteligente — eles negam a imanência de Deus. Em suma, Deísmo é a doutrina que afirma que não se pode provar que Deus exista, mas que se Ele existir, Ele nada tem a ver com o mundo, nem nós com Ele. Não haveria nenhum relacionamento entre Deus e o mundo, caso Deus existisse.

[5] – Salmos 36:9; João 5:26; 1 João 1:5.

[6] – Salmos 139:7; Atos 17:27, 28.

[7] – Deuteronômio 6:4; Marcos 12:29; João 17:3.

[8] – Deuteronômio 5:26; João 3:10; Daniel 6:27; Atos 14:15; 2 Coríntios 6:16; 1 Timóteo 3:15; 6:17.

[9] – Êxodo 33:20; João 1:18; 6:46; 1 Timóteo 6:16.

[10] – Isaías 46:10; Jeremias 11:20; Mateus 10:30; Hebreus 4:14.

[11] – Salmos 115:3; Provérbios 21:1; Daniel 4:35.

[12] – Deuteronômio 29:29; Mateus 7:21; 12:50.

[13] – Gênesis 18:14; Jeremias 22:37; Zacarias 8:6; Mateus 19:26; 1 Timóteo 6:15.

[14] – Provérbios 8:22 – 31; Jó 28:20 – 28; Romanos 16:27; 1 Timóteo 1:17.

[15] – Salmos 104:24; Efésios 3:10; Romanos 11:33.

[16] – Gênesis 39:21; Números 14:19; Isaías 54:10; Efésios 2:7.

[17] – Mateus 11:26; Lucas 2:14; 12:32; 2 Tessalonicenses 1:11.

[18] – Êxodo 19:5, 6; Levítico 11:44, 45; 1 Pedro 2:9.

[19] – Salmos 4:2; 7:10; 31:2; 34:22; 35:24; 51:16; 103:17; 1 João 1:9.

[20] – Gênesis 24:27; 32:10; Josué 21:45; 2 Samuel 7:28; Salmos 57:3; Salmos 105:8.

[21] – Êxodo 34:6; Salmos 86:15; 103:8; 145:8.

[22] – Salmos 20:7; Jeremias 9:23; 1 Coríntios 1:31; 2 Coríntios 10:17.

[23] – Revisor — notas e significações.

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