Deveríamos ficar alarmados, aflitos, assustados, e apreensivos se tivéssemos a certeza de que não viveríamos mais um mês, de fato; no entanto, ficamos indiferentes, apáticos, alheios, estranhos, afastados, neutrais, imparciais, e desapaixonados mesmo sem termos a certeza de que viveremos mais um dia — “Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (cf. Lucas 12:20, 21) — Assim é aquele que para si ajunta “tesouros”, e não é rico para com Deus.
Todas as noites, nós nos deitamos para dormir, e na manhã seguinte despertamos e nos levantamos outra vez, mas na morte, nós devemos nos deitar na sepultura, para não mais despertar e levantar outra vez para este mundo — digo, este estado aqui — para nunca espertar ou erguer, até que não haja mais céus, a fiel medida do tempo, e consequentemente o próprio tempo terá chegado ao fim, e terá sido engolido pela eternidade, de modo que a vida do homem pode ser apropriadamente comparada com as águas de uma inundação, que se estendem e fazem uma grande exibição, mas são rasas, e logo secam. Ou comparada e assemelhada com aquilo que irá nos consumir — os vermes, pois desceremos ao nível deles e seremos idênticos — seremos como eles. Qual o motivo para não se preocupar com as coisas salutares e divinas, se é isso que é eterno e não temporal? Não devemos realizar obras que ecoem para a eternidade? Se não for isso, digo que é vaidade e nada novo! Como diz Kempis: — “Procura tempo oportuno para cuidar de ti e relembra amiúde os benefícios de Deus”.
A nossa vida é como quando as águas de uma enchente ou transbordamento do mar ou rio se retiram – o local atingido torna-se secura, e o seu lugar não mais os conhece. As águas da vida logo evaporam e desaparecem — assim como a vida que é efêmera para aqui, mas não para lá (para a eternidade), que deve ser absolutamente o padrão visional para todas as coisas daqui, ou seja, uma vida vivida para Deus, e para Ele somente, pois Ele é eterno.
O corpo — como algumas daquelas águas – afunda na terra e ali é consumido, a alma, como outras águas, é levada para o alto, para se misturar às águas que estão acima do firmamento, assim é todo aquele que confia em Deus. O erudito [Richard Blackmore] faz disto também uma comparação. Embora as águas se esgotem e sequem no verão, ainda assim retornarão no inverno, mas a vida do homem não é assim, ela não retornará nem no verão, nem em nenhuma outra estação. Veja parte da sua paráfrase, nas suas próprias palavras: — “Um rio que corre, ou um lago estático, pode abandonar suas margens secas e suas bordas nuas, as suas águas podem evaporar e ir para o alto, deixando seu canal, para rolar nas nuvens acima, mas a água que retorna restaurará o que, no verão, tinham perdido antes: — mas se, ó homem! As tuas correntezas vitais abandonam os seus canais púrpura e enganam o coração, eles nunca receberão novos recrutas, nem sentirão a saltitante maré de retorno da vida”.
A sepultura não é somente um local de descanso, mas um esconderijo, para o povo de Deus. Deus tem a chave para a sepultura [Ele venceu a morte, e somente Ele], para deixar entrar agora, e deixar sair na ressurreição. Ele esconde os homens na sepultura por sua bondade e para sua ira, como nós escondemos nosso tesouro em um lugar seguro e secreto, e também nossas indignações são guardadas para as injustiças e engano, e aquele que morre o encontrará, e nada será perdido [desde que, esteja nEle]. Tomara que me escondesses, não somente das tempestades e dificuldades da vida, mas para a bem–aventurança e a glória de uma vida melhor.
Que haverá um retorno do homem à vida, novamente, em outro mundo, no fim dos tempos, quando não houver mais céus, isso é fato — e, o caminho para o outro mundo, é Jesus Cristo, unicamente Ele — “Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12). Não adianta diante de Deus, a credulidade de tradição e dos costumes, a intelectualidade internalizada e adquirida de obras de santos mortos, a riqueza do suor, a mordomia de uma vida, as vãs filosofias, as especulação sobre questões misteriosas e obscuras, de cuja ignorância não seremos julgados, a moralidade exacerbada, a caridade culpada, a confissão fingida, palavras notáveis que fazem os homens justos a si mesmos, mas, o que será confirmado pelo Criador é o ódio por suas almas neste mundo, para possuí-las eternamente no outro e a vida virtuosa que torna o cristão agradável a Ele — Deus. Também não é outros caminhos que os homens teimam em criar, nem mesmo o homem pode encontrar a verdade, sem que a verdade o encontre, pois, trata-se de uma Pessoa, Jesus Cristo o Filho de Deus.
O que importa é o que a Palavra de Deus diz: — Arrependimento e vida regenerada, não morta, “Necessário vos é nascer de novo” (Marcos 1:15; João 3:7); e isto, deriva de um encontro causado por aquele que é incausado, Jesus a Verdade de Deus e Redentor de todo aquele que crer nEle para a salvação desta vida e da outra, pois, Ele disse ser: — “a Verdade” (João 14:6), e a Verdade liberta o homem da morte, “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará [da morte para a vida]” (João 8:32). E também disse ser “o” Caminho, não abrindo a possibilidade para ter-se “outros caminhos” e atalhos, semelhante aos únicos caminhos que nos guiam aos nossos sentimentos, raramente existem diversos caminhos para o nosso específico sentir, e conclui com a vida — “Eu Sou a Vida” — de fato, o homem não tem a vida por efeito de seus feitos, assim os ricos seriam detentores, pois muitos são os seus feitos que causam efeitos, nem em razão das necessidades desta vida, sendo assim, os pobres as teria, nem a razão do inteligido, pois o doutos a dominaria — a vida pertence a Deus, e a Ele somente. Por algo que o Filho fez através da sua própria vida, morte e ressurreição — “Ele [o Filho amado] se fez maldito, para que os malditos, fossem feitos filhos amados, Ele se fez o que somos, para nos tornar o que Ele é (Gálatas 3:13), amado de Deus Pai, vivificados, justificados e santificados, esperando a glorificação de corpos mortos, para a glória da sua graça para todo sempre. Amém!”.
Conselho — Ter coração contrito e suplicante.
Meu Deus, tão longe quanto o abismo do oceano, as profundezas do coração dos homens buscam tormentas e guerras, e o SENHOR parece está adormecido como no dia em que o Senhor estava com os apóstolos no lago de Tiberíades. Então, como eu, eles fizeram, eu devo implorar agora: — “Senhor, Senhor! Estamos prestes a morrer […] o Senhor não se importa? Acorde Senhor! Aplaque o vendaval como naquele dia, acalme o coração dos homens, e nos pergunte como fez naquele dia: — Porque estão com tanto medo? Acaso não tem fé?” (Mateus 8:23 – 27).
O sábio Kempis nos ensina um tesouro: — “Não pode haver alegria segura, sem o testemunho de boa consciência. Nunca te dês por seguro nesta vida, ainda que pareças bom religioso ou ermitão devoto”.
Paz e graça.
Pr. Me. Plínio Sousa.