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[…] “e disse: — Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor” (Jó 1:21).

Ele reconheceu a mão de Deus tanto nas misericórdias que havia desfrutado anteriormente, quanto nas tribulações com as quais ora era exercitado: — “O Senhor o deu e o Senhor o tomou”. Devemos reconhecer a Providência divina: — Em todos os nossos consolos. Deus nos deu a existência, nos criou, e não nós mesmos, foi Ele que nos concedeu a nossa riqueza, não foi a nossa própria engenhosidade ou empenho que nos enriqueceram, mas a bênção de Deus em nossos cuidados e esforços. Ele nos deu poder para obtermos riquezas, não apenas criou os animais para nós, mas determinou, da melhor maneira possível, a parte que nos cabia.

Aquele que o deu o tomou, e não pode Ele fazer o que quiser com o que lhe pertence? — Entendimento tácito – Romanos 9:21. Veja como Jó olha para além dos agentes, e se concentra em Deus. Ele não diz: — “O Senhor concedeu, e os sabeus e os caldeus o tomaram, Deus me tornou rico, e o diabo me tornou pobre”, mas: — “Aquele que o deu o tomou”, e por essa razão ele está estupefato, e não tem nada para dizer, porque pensou que Deus havia feito isso. Aquele que tudo concedeu, pode tomar o que, quando, e quanto lhe aprouver. Sêneca pode argumentar assim: — Abstulit, sed et dedit – “Ele o tomou, mas Ele também o deu”; e Epíteto diz esplendidamente (capítulo 15): — “Quando és privado de qualquer consolo, como, por exemplo, um filho que é levado pela morte, ou se perderes parte dos teus bens, não digas “apolesa auto” “Eu o perdi”, mas “apedoka” – “Eu o restituí ao verdadeiro dono”, mas tu alegarás (diz ele), “kakos ho aphelomenos” – “foi um homem perverso que me roubou”, ao que ele responde, ti de “soi melei” – “O que te importa com qual mão aquele que dá toma aquilo que deu?”.

Jó adorou a Deus nos dois casos.

Quando tudo havia terminado, ele se ajoelhou e adorou (v. 20). Note que as tribulações não devem nos desviar das práticas da religião, mas sim nos estimular ao exercício delas. O pranto não deve impedir a semeadura, nem a adoração. Ele percebeu não apenas a mão, mas o nome de Deus, em suas aflições, e o honrou: — Jó louvou o nome do Senhor — Isto é doxologia viva.

“O cristão deve ser uma doxologia viva” (Martinho Lutero).

Paz e graça.
Pr. Me. Plínio Sousa.

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