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Disputatio pro declaratione virtutis indulgentiarum.

As “95 Teses” ou “Disputação do Doutor Martinho Lutero sobre o Poder e Eficácia das Indulgências” (“Disputatio pro declaratione virtutis indulgentiarum”)[1] são uma lista de proposições para uma disputa acadêmica escrita em 1517 por Martinho Lutero, professor de Teologia moral da Universidade de Vitemberga (Wittenberg), Alemanha, as quais iniciaram a Reforma Protestante, um cisma da Igreja Católica que mudou profundamente a Europa. Tais ‘Teses’ discorrem sobre as posições de Lutero contra o que ele viu como práticas abusivas por pregadores que realizavam a venda de indulgências, que tinham por finalidade reduzir a punição temporal de pecados cometidos pelos próprios compradores ou por algum de seus entes queridos no Purgatório. Nas “Teses”, Lutero afirmou que “o arrependimento requerido por Cristo para que os pecados sejam perdoados envolve o arrependimento espiritual interior e não meramente uma confissão sacramental externa”. Ele argumentou que as indulgências levam os cristãos a evitar o verdadeiro arrependimento e a tristeza pelo pecado, acreditando que podem renunciá-lo comprando uma indulgência. Estas também, de acordo com Lutero, desencorajam os cristãos de dar aos pobres e realizarem outros atos de misericórdia, acreditando que os certificados de indulgência eram mais valiosos espiritualmente. Apesar de Lutero ter afirmado que suas posições sobre as indulgências estavam de acordo com as do papa, as ‘teses’ desafiaram uma bula pontifícia do século XIV, as quais afirmavam que o papa poderia usar o tesouro do mérito e as boas obras dos santos do passado para perdoar a punição temporal pelos pecados. As “Teses” são formuladas como proposições a serem discutidas em debate, não representariam necessariamente as opiniões de Lutero, porém ele as esclareceu posteriormente na obra “Explicações da Disputa sobre o Valor das Indulgências”.

Lutero enviou as “Teses” anexadas a uma carta a Alberto de Mainz, o Arcebispo de Mainz, em 31 de outubro de 1517, data que é considerada o início da Reforma Protestante e que é comemorada anualmente como o “Dia da Reforma Protestante”. Lutero também pode ter afixado as “Teses” na porta da Igreja do Castelo de Vitemberga (Wittenberg) e de outras Igrejas em Vitemberga, de acordo com o costume da Universidade, em 31 de outubro, ou em meados de novembro. As “Teses” foram rapidamente reimpressas, traduzidas e distribuídas por toda a Alemanha e a Europa. Iniciou-se então uma guerra panfletária com o pregador de indulgências, Johann Tetzel, contribuindo para a difusão da fama de Lutero. Os superiores eclesiásticos de Lutero o julgaram de heresia, o que culminou na sua excomunhão em 1521. Embora a publicação das “Teses” seja o início da Reforma Protestante, Lutero não considerava as indulgências tão importantes como outras questões teológicas que dividiriam a Igreja, como a “justificação pela fé” e o “livre–arbítrio”. Sua descoberta acerca destas questões viria mais tarde, sendo que ele não via a escrita das “Teses” como o ponto em que suas crenças divergiram daquelas da Igreja Católica.

A primeira ‘tese’ tornou-se famosa, ao dizer: — “Fazei penitência”, etc., o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência”. Nas primeiras ‘teses’, Lutero desenvolve a idéia de arrependimento do cristão em uma luta interna contra o pecado, invés de um sistema externo de confissão sacramental[2].

1 – Teses de 1 — 4.

1 – Ao dizer: — “Fazei penitência”, etc. (Mateus 4:17[3]), o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.

2 – Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).

3 – No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.

4 – Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.

As ‘teses’ 5 — 7 então afirmam que o papa só possui o direito de libertar as pessoas de punições que ele mesmo impôs por decisões próprias ou dos cânones, e não da culpa do pecado. O papa só possui o direito de anunciar o perdão de Deus da culpa do pecado no nome dEle[4].

2 – Teses de 5 — 7.

5 – O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.

6 – O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.

7 – Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.

8 – Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.

9 – Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.

10 – Agem mal e sem conhecimento de causa, aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.

11 – Essa cizânia — falta de harmonia; desavença, rixa, discórdia — de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.

12 – Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.

13 – Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.

Nas ‘teses’ 14 — 29, Martinho Lutero desafiou as crenças comuns sobre o Purgatório. As ‘teses’ 14 — 16 discutem a idéia de que a punição do Purgatório pode ser comparada ao medo e ao desespero sentidos pelas pessoas que morrem[5]. Nas ‘teses’ 17 — 24, ele afirma que nada pode ser definitivamente dito sobre o estado espiritual das pessoas que se encontram no Purgatório, e conclui nas ‘teses’ 25 e 26 negando que o papa tenha qualquer poder sobre as pessoas no Purgatório. Nas ‘teses’ 27 — 29, ele ataca a idéia de que, assim que o pagamento é feito, a alma do ente querido do pagador é libertada do Purgatório. Ele vê isso como uma maneira de encorajar a ganância pecaminosa, e diz que é impossível ter certeza, porque somente Deus tem poder supremo em perdoar punições no Purgatório[6].

3 – Teses de 14 — 29.

14 – Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.

15 – Este temor e horror por si sós já bastam — para não falar de outras coisas — para produzir a pena do Purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.

16 – Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.

17 – Parece necessário, para as almas no Purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.

18 – Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

19 – Também parece não ter sido provado que as almas no Purgatório estejam certas de sua bem–aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.

20 – Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.

21 – Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.

22 – Com efeito, ele não dispensa as almas no Purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.

23 – Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.

24 – Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriado por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

25 – O mesmo poder que o papa tem sobre o Purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura[7] tem em sua diocese e paróquia em particular.

26 – O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.

27 – Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando (do Purgatório para o céu).

28 – Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.

29 – E quem é que sabe se todas as almas no Purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino[8] e São Pascoal[9]?

As ‘teses’ 30 — 34 tratam da desconfiança que Lutero possuía sobre os pregadores de indulgência que as ofereciam para os cristãos. Uma vez que ninguém sabe se uma pessoa está verdadeiramente arrependida, uma carta que assegura uma pessoa de seu perdão é perigosa. 

4 – Teses de 30 — 34.

30 – Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.

31 – Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.

32 – Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

33 – Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.

34 – Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.

Nas ‘teses’ 35 e 36, ele ataca a idéia de que uma indulgência torna o arrependimento desnecessário. Isso leva à conclusão de que a pessoa verdadeiramente arrependida, que só pode se beneficiar da indulgência, já recebeu o único benefício que ela proporciona. Os cristãos verdadeiramente arrependidos, segundo Lutero, já foram perdoados de seus pecados e respectivas culpas[10].

5 – Teses de 35 — 36.

35 – Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.

36 – Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.

Nas ‘teses’ 37 e 38, ele deixa explícito que as indulgências não são necessárias para que os cristãos recebam todos os benefícios proporcionados por Cristo.

6 – Teses de 37 — 38.

37 – Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.

38 – Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois, como disse é uma declaração da remissão divina.

As ‘teses’ 39 e 40 argumentam que as indulgências tornam o verdadeiro arrependimento mais difícil. O verdadeiro arrependimento deseja a punição de Deus para com o pecado, mas as indulgências ensinam a evitar a punição, uma vez que esse é o propósito de comprar uma indulgência[11].

7 – Teses de 39 — 40.

39 – Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo (extremamente difícil) exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.

40 – A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências às afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.

Nas ‘teses’ 41 — 47, Lutero critica as indulgências com base em que estas desencorajam obras de misericórdia por aqueles que as compram. Aqui ele começa a utilizar a frase “Deve-se ensinar (pregar) aos cristãos que […]” para indicar como ele acha que as pessoas devem ser instruídas sobre o valor das indulgências. Elas devem ser ensinadas que dar aos pobres é incomparavelmente mais importante do que comprar indulgências, já que a compra de uma indulgência sem dar nada aos pobres provoca a ira de Deus, e fazer boas obras torna uma pessoa melhor, enquanto a compra de indulgências não provoca este efeito.

8 – Teses de 41 — 47.

41 – Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

42 – Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

43 – Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.

44 – Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

45 – Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

46 – Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

47 – Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

Nas ‘teses’ 48 — 52, Lutero discorre sobre o papel do papa, dizendo que se o papa soubesse o que estava sendo pregado em seu nome, ele “preferiria reduzir a cinzas a Basílica de São Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas[12].

9 – Teses de 48 — 52.

48 – Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo — assim como tem mais necessidade — de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar.

49 – Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.

50 – Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações (cobrança, arrecadação) dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de São Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51 – Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto, como é seu dever, a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de São Pedro.

52 – Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

As ‘teses’ 53 — 55 são lamentações sobre as restrições na pregação da Palavra enquanto havia o oferecimento de indulgências[13].

10 – Teses de 53 — 55.

53 – São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais Igrejas.

54 – Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela — a Palavra.

55 – A atitude do papa necessariamente é: — se as indulgências – que são o menos importante – são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho – que é o mais importante – deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

Lutero critica a doutrina do “tesouro do mérito”, ou “tesouro da Igreja”, que serve de base para a doutrina das indulgências, durante as ‘teses’ 56 — 66. Ele afirma que os cristãos não entendem a doutrina verdadeira e estão sendo enganados, pois, para ele, o verdadeiro tesouro da Igreja é o Evangelho de Jesus Cristo[14]. No entanto, este tesouro acaba sendo odiado “pois faz com que os primeiros sejam os últimos”, segundo palavras de Mateus 19:30 e Mateus 20:16[15]. Lutero utiliza de metáfora e de jogo de palavras para descrever os tesouros do Evangelho como redes para pescarem homens de riqueza, enquanto os tesouros das indulgências são redes para pescar a riqueza dos homens[16].

11 – Teses de 56 — 66.

56 – Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

57 – É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

58 – Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.

59 – São Lourenço[17] disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.

60 – É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.

61 – Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.

62 – O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63 – Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.

64 – Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.

65 – Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.

66 – Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

Durante as ‘teses’ 67 — 80, Lutero discute ainda mais sobre os problemas causados pela forma como as indulgências estavam sendo pregadas, conforme carta que enviou ao Arcebispo Alberto. Os pregadores têm promovido indulgências como a maior das graças disponíveis na Igreja, mas na verdade só promovem a ganância. Ele aponta que os bispos foram ordenados a oferecer reverência aos pregadores de indulgência que entram na sua jurisdição, mas os bispos também são acusados de proteger o seu povo de pregadores que pregam de forma contrária à intenção do papa[18]. Ele então ataca a crença supostamente propagada pelos pregadores de que a indulgência poderia perdoar alguém que violou a Virgem Maria. Lutero afirma que as indulgências não podem tirar a culpa nem do mais leve dos pecados veniais. Ele rotula várias outras supostas declarações dos pregadores de indulgência como blasfêmia: — “que São Pedro não poderia ter concedido uma indulgência maior do que a atual, e que a indulgência da cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo[19].

12 – Teses de 67 — 80.

67 – As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda.

68 – Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.

69 – Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.

70 – Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.

71 – Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

72 – Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.

73 – Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências, 74 – Muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.

75 – A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

76 – Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.

77 – A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.

78 – Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em 1 Coríntios 12.

79 – É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.

80 – Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.

Lutero enumera várias críticas feitas por leigos contra indulgências nas ‘teses’ 81 — 91. Ele as apresenta como difíceis objeções que seus fiéis estão trazendo, invés de realizar suas próprias críticas. Como ele deveria responder àqueles que perguntam: — [1] – Por que o papa não esvazia o Purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas? O que ele deveria dizer àqueles que perguntam: — [2] – Por que se mantém as exéquias e os aniversários dos falecidos? E [3] – Por que o papa não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos? Lutero afirmou que parecia estranho para alguns que pessoas piedosas no Purgatório pudessem ser redimidas por pessoas ímpias e vivas. Lutero também menciona a questão de por que o papa, que é muito rico, requer dinheiro de crentes pobres para construir a Basílica de São Pedro. Ele afirma que ignorar estas questões significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes[20]. Ele apela ao interesse financeiro do papa, dizendo que se os pregadores limitassem sua pregação de acordo com as posições de Lutero sobre as indulgências (o que ele alegava ser também a posição do papa), as objeções deixariam de ser relevantes[21]. Lutero encerra as Teses exortando os cristãos a imitar Cristo, mesmo que traga dor e sofrimento: — “E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz[22].

13 – Teses de 81 — 95.

81 – Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida arguta (inteligente) dos leigos.

82 – Por exemplo: — Por que o papa não esvazia o Purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas, o que seria a mais justa de todas as causas, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da Basílica, que é uma causa tão insignificante?

83 – Do mesmo modo: — Por que se mantêm as exéquias[23] e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?

84 – Do mesmo modo: — Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?

85 – Do mesmo modo: — Por que os cânones penitenciais, de fato e por desuso já há muito revogados e mortos, ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?

86 – Do mesmo modo: — Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma Basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos próprios fiéis?

87 – Do mesmo modo: — O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação?

88 – Do mesmo modo: — Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?

89 – Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?

90 – Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.

91 – Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

92 – Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo “Paz, paz!” sem que haja paz!

93 – Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo “Cruz! Cruz!” sem que haja cruz!

94 – Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, sua Cabeça, através das penas, da morte e do inferno.

95 – E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.

A intenção de Martinho Lutero.

As “95 Teses” foram escritas como proposições a serem discutidas em uma disputa acadêmica formal, embora não haja evidências de que tal evento tenha ocorrido[24]. No cabeçalho das ‘teses’, Lutero convidou estudiosos interessados de outras cidades para participarem[25]. A realização de tal debate era um privilégio que Lutero tinha como doutor e não era uma forma incomum de investigação acadêmica[26]. Lutero preparou vinte conjuntos de ‘teses’ para disputa em Vitemberga entre 1516 e 1521[27]. Andreas Karlstadt[28] havia escrito um conjunto dessas ‘teses’ em abril de 1517, e estas eram mais radicais em termos teológicos do que as de Lutero. Ele as postou na porta da Igreja do Castelo, como Lutero teria feito com as “Noventa e Cinco Teses”. Karlstadt postou suas ‘teses’ num momento em que as relíquias da Igreja foram colocadas em exibição, e isso pode ter sido considerado um gesto provocativo. Da mesma forma, Lutero publicou as “Noventa e Cinco Teses” no “Dia de Todos os Santos”, o dia mais importante do ano para a exibição de relíquias na Igreja do Castelo[29].

As ‘teses’ de Lutero tinham como objetivo iniciar um debate entre acadêmicos, e não uma revolução popular, mas há indícios de que ele viu sua ação “como profética e relevante[30]. Nesta época, ele começou a usar o nome “Lutero” e às vezes “Eleutherius”, tradução grega para “livre”, em vez de “Luder”. Isso parece referir-se ao fato de ele estar livre da Teologia escolástica, a qual ele havia discutido contra naquele ano[31]. Mais tarde, Lutero afirmou não ter desejado que as “Teses” fossem amplamente distribuídas. Elizabeth Eisenstein[32] argumentou que sua alegada surpresa em seu sucesso pode ter envolvido um engano consigo mesmo, e Hans J. Hillerbrand[33] afirmou que Lutero certamente estava pretendendo instigar uma grande controvérsia[34]. Às vezes, Lutero parece usar a natureza acadêmica das “Teses” como um disfarce para permitir que ele possa atacar a crenças estabelecidas, sendo capaz de negar que ele pretendia atacar o ensino da Igreja. Uma vez que escrever um conjunto de ‘teses’ para uma disputa não compromete necessariamente o autor a essas opiniões, Lutero poderia negar que ele tinha as idéias mais polêmicas discorridas nas proposições[35].

O legado.

A controvérsia sobre as indulgências desencadeada pelas ‘teses’ marcou o início da Reforma Protestante, um cisma na Igreja Católica que iniciou profundas e duradouras mudanças sociais e políticas na Europa[36]. Lutero declarou posteriormente que a questão das indulgências era insignificante em relação às controvérsias que ele iria enfrentar mais tarde, como o seu debate com Erasmo de Roterdão sobre o livre–arbítrio, sendo que nem ele viu a controvérsia como importante para sua descoberta intelectual sobre o Evangelho[37]. Mais tarde, Lutero escreveria que na época em que formulou as ‘teses’ ele permaneceu um “papista”, e não parecia pensar que as ‘teses’ representariam uma ruptura com a doutrina católica estabelecida[38]. No entanto, foi fora da controvérsia das indulgências que o movimento intitulado Reforma começou, todavia, a controvérsia propeliu (empurrou) Lutero para a posição de liderança que ele iria desempenhar nesse movimento[39]. As ‘teses’ também tornaram evidente que Lutero acreditava que a Igreja não estava pregando corretamente e que isto colocava os leigos em grave perigo. Além disso, as ‘teses’ contradiziam o decreto do Papa Clemente VI, que afirmava que as indulgências são o tesouro da Igreja. Este desprezo pela autoridade papal pressagiou conflitos posteriores[40].

31 de outubro de 1517, o dia em que Lutero enviou suas ‘teses’ à Alberto, foi comemorado como o início da Reforma Protestante já em 1527, momento em que Lutero e seus amigos brindaram com um copo de cerveja para comemorar o “pisoteio das indulgências[41]. A publicação das ‘teses’ foi estabelecida na historiografia da Reforma como o início do movimento por Filipe Melâncton[42] na obra “Historia de vita et actis Lutheri” de 1548. Durante o Jubileu da Reforma de 1617, o centenário de 31 de outubro foi comemorado com uma procissão até a Igreja de Vitemberga, onde Lutero teria afixado as ‘teses’. Uma gravura foi feita mostrando Lutero escrevendo as ‘teses’ na porta da Igreja com uma gigantesca pena, a qual penetra na cabeça de um leão que simboliza o Papa Leão X[43]. Em 1668, o dia 31 de outubro foi oficializado como o “Dia da Reforma Protestante”, um festival anual no Eleitorado da Saxônia e que se espalhou por outras terras luteranas[44].

Paz e graça.
Pr. Me. Plínio Sousa.

[1] – Este título se encontra na impressão do panfleto da Basileia de 1517. As primeiras cópias das “Teses” usam de um ‘incipit’ no lugar de um título que resuma o conteúdo. O cartaz de Nuremberg de 1517 introduz as “Teses” com “Amore et studio elucidande veritatis: hec subscripta disputabuntur Wittenberge. Presidente R. P Martino Lutther […]. Quare petit: vt qui non possunt verbis presentes nobiscum disceptare: agant id Uteris absentes”. Lutero usualmente as chama de “meine Propositiones” — “minhas proposições” (Cummings, 2002, p. 32). Basileia (em alemão – Basel, em francês – Bâle, em italiano – Basilea) é a terceira maior cidade da Suíça (atrás de Zurique e Genebra).

[2] – Brecht, 1985, p. 192.

[3] – “Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: — Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 4:17 – ACF).

[4] – Waibel, 2005, p. 43.

[5] – Wengert, 2015b, p. 36.

[6] – Brecht, 1985, p. 194.

[7] – Pároco, vigário de freguesia, povoação, aldeia. Etimologia (Latim) “cūra” — cuidado, administração, etc..

[8] – Severino nasceu no ano de 410 d.C., na cidade Roma. De família nobre, era um homem polido e falava latim como ninguém. Entretanto, preferiu a pobreza, a humildade e a caridade como opção de vida. Viveu durante as invasões bárbaras e, em meio a esse cenário, soube viver o Evangelho e semear a boa nova do reino de Deus. Em 454 d.C., Severino vai até a Nórica, perto do Rio Danúbio, fronteira com o então mundo pagão. Lá, o jovem cristão tem contato com os pagãos, acolhe-os em virtude das invasões e da destruição causada pelos bárbaros. Dessa forma, converte muitas pessoas aos Cristianismo. Sua vida itinerante fez fundar vários mosteiros. Segundo a tradição, ele possuía o dom da profecia, e salvou várias cidades dos ataques bárbaros quando antevia a destruição e alertava a população, salvando, assim, muitas vidas. Morreu em 8 de janeiro de 482. Em seu leito de morte, disse: — “Todo ser que tem vida, a deve ao Senhor!” (Salmos 150).

[9] – Pascoal nasceu em Torrehermosa, no Reino de Aragão, em 24 de maio de 1540, no dia de Pentecostes, conhecido na Espanha como “Pasca do Espírito Santo”, a razão do nome “Pascoal”. Seus pais, Martinho Bailão e Isabel Jubera, eram camponeses pobres. Passou sua infância como pastor e, tendo sempre consigo um livro, implorava a todos que encontrava que lhe ensinassem o alfabeto e a ler; com o passar dos anos, passou a ler livros religiosos enquanto trabalhava no pasto. Por volta de 1564, Pascoal entrou para a ordem franciscana reformada (vide ‘Reforma Alcantarina’) como irmão leigo. Ele escolheu viver em mosteiros mais pobres pois, segundo ele, “nasci pobre e resolvi morrer pobre e penitente”. E assim viveu, na pobreza e em oração, o resto de sua vida. Pascoal era um místico e contemplativo, sofrendo frequentes visões extáticas. Frequentemente passava a noite diante de um altar em oração e, ao mesmo tempo, minimizava qualquer glória ou ganho que pudesse advir deste seu comportamento. Humilde, morreu em 17 de maio de 1592.

[10] – Brecht, 1985, p. 194.

[11] – Brecht, 1985, p. 195.

[12] – Brecht, 1985, p. 195.

[13] – Waibel, 2005, p. 44.

[14] – Brecht, 1985, p. 196.

[15] – Wengert, 2015a, p. 22.

[16] – Brecht, 1985, p. 196.

[17] – Segundo as tradições, quando o papa São Sisto se dirigia ao local da execução, São Lourenço ia junto a ele e chorava: — “Aonde vai sem seu diácono, meu pai?”, perguntava-lhe. O Pontífice respondeu: — “Não pense que te abandono, meu filho, pois dentro de três dias me seguirá”. Após a execução do papa, o Imperador ameaçou a Igreja para entregar as suas riquezas no prazo de 3 dias. Passados três dias, São Lourenço levou as pessoas que foram auxiliadas pela Igreja e os fiéis cristãos diante do Imperador. Depois, exclamou a seguinte frase que lhe valeu a morte: — “Estes são o patrimônio (riquezas) da Igreja”. O Imperador, furioso e indignado, mandou prendê-lo, e ser queimado vivo sobre um braseiro ardente, por cima de uma grelha. A tradição católica diz que o santo conservou seu bom humor mesmo enquanto era executado, dizendo aos que o queimavam: — “Podem me virar agora, pois este lado já está bem assado”. Tornou-se um mártir cristão e é considerado um servo fiel da Igreja. Santo Agostinho diz que o grande desejo que tinha São Lourenço de unir-se a Cristo fez com que esquecesse as exigências da tortura. Também afirma que Deus obrou muitos milagres em Roma por intercessão de São Lourenço.

[18] – Brecht, 1985, p. 196.

[19] – Brecht, 1985, p. 197.

[20] – Brecht, 1985, p. 197.

[21] – Brecht, 1985, p. 198.

[22] – Brecht, 1985, p. 199.

[23] – Funeral, enterro, inumação, enterramento.

[24] – Brecht, 1985, p. 199 – 200.

[25] – Leppin & Wengert, 2015, p. 388.

[26] – Hendrix, 2015, p. 61.

[27] – McGrath, 2011, p. 23 – 24.

[28] – Andreas Rudolff Bodenstein von Karlstadt, em latim Carolstadius (1486 – 1541) foi teólogo e reformador alemão o primeiro a fundar a Teologia do batismo. Estudou Filosofia e Teologia nas Universidades de Erfurt (1499) e Colônia (1503), e tornou-se professor de Teologia da Universidade de Wittenberg (1505 – 1522) onde também foi chanceler (1511). Martinho Lutero recebeu seu diploma de doutorado em 1512 das mãos de Karlstadt em Wittenberg. Em 1515 – 1516, estudou em Roma, onde conseguiu seu diploma em direito civil e canônico (utriusque juris) na Universidade Sapienza.

[29] – McGrath, 2011, p. 23 – 24.

[30] – Hendrix, 2015, p. 61.

[31] – Lohse, 1999, p. 101.

[32] – Elizabeth Lewisohn Eisenstein (1923 – 2016) foi uma autora e historiadora americana da Revolução Francesa e início do século XIX.

[33] – Hans J. Hillerbrand é professor emérito de História e Religião, Duke University, Durham, Carolina do Norte. Autor de “A Divisão da Cristandade — Cristianismo no Século XVI” e “Homens e Idéias no Século XVI” e outros.

[34] – Cummings, 2002, p. 32.

[35] – Cummings, 2002, p. 35.

[36] – Dixon, 2002, p. 23.

[37] – McGrath, 2011, p. 26.

[38] – Marius, 1999, p. 138.

[39] – McGrath, 2011, p. 26.

[40] – Wengert, 2015a, p. XLIII – XLIV (43 – 44).

[41] – Stephenson, 2010, p. 39 – 40.

[42] – Filipe Melâncton (em alemão – Philipp Melanchthon — 1497 – 1560) foi um reformador, astrólogo e astrônomo alemão. Colaborador de Lutero, redigiu a “Confissão de Augsburgo” (1530) e converteu-se no principal líder do luteranismo após a morte de Lutero.

[43] – Cummings, 2002, p. 15 – 16.

[44] – Stephenson, 2010, p. 40.

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