Sem a lei, o pecado estava adormecido, mas a lei suscitou um desejo de fazer o que ela proibia. O mesmo é verdadeiro para todo cristão. A percepção do pecado através da instrumentalidade da lei torna as pessoas conscientes de sua morte espiritual – somos excluídos da penalidade da Lei (quando justificados), mas a Lei nos conduz o caminho que devemos sempre seguir, “um Caminho de obediência conformes a Obediência e Justiça de Cristo” — nesse ínterim, descobri que há um terrível inimigo a ser mortificado e ele não está lá fora (como o que Cristo sentiu e passou, pois nEle não havia pecado), mas dentro de todos nós (pois somos pecadores), e aquilo, a tentação, que vem de fora não nos induz a pecar (como Cristo passou em sua tentação), mas apenas revela o que já existe dentro de nós — o pecado, e nesse sentido, devemos mortificá-lo todos os dias. Percebi então, que não há razão para se julgar o pior dos seres quando de fato, nós somos o pior dos seres. Se Deus tivesse favorecido essas pessoas que consideramos desprezíveis, dos quais falamos sem temor, com tanta misericórdia como nos favoreceu, estou certo de que, por maus que sejam agora, eles teriam sido muito mais reconhecidos pelos dons de Deus do que muitos dos que hoje julgam sem temor, e o serviriam muito melhor do que esses. Eu digo: — “E se meu Deus me abandonasse, eu cometeria mais maldades do que nenhum outro […]” — pense nisto, e faça o seu próprio juízo diante de Deus, não dos homens, pois sabemos que aqui existem graus de perfeição de um ser para outro, mas faça esse juízo diante do Deus Santíssimo e Justíssimo, e assim será revelado a sua miséria, diante dEle somos todos miseráveis.
Como diz o sábio Kempis: — Não há melhor e mais útil estudo que se conhecer perfeitamente e desprezar-se a si mesmo.
Ter-se por nada e humildemente piedoso, é pensar sempre bem e favoravelmente dos outros, é prova de grande sabedoria e perfeição de que estamos agradando a Deus. Ainda quando vemos alguém pecar publicamente ou cometer faltas graves, nem por isso devemos nos julgar melhor, “pois não sabemos quanto tempo ainda poderemos perseverar no bem”. Nós todos somos fracos, mas a ninguém devemos considerar mais fraco que a nós mesmos.
Aqueles que foram alvos da graça não têm razões plausíveis para um olhar altivo e arrogante (Romanos 7:7 – 25; Mateus 7:1 – 6). Desta feita, a única distinção entre os homens a ser reconhecida, é aquela que o próprio Deus estabeleça quando confere “[…] a um autoridade sobre o outro, ou enriquece um com mais talentos do que o outro, para que o homem de mais talentos sirva o homem de menos, e nele sirva o seu Deus”.
Paz e graça.
Pr. Me. Plínio Sousa.