A VOCAÇÃO INTELECTUAL CRISTÃ — UM CHAMADO À EXCELÊNCIA

 

A vocação intelectual cristã não admite o “mais ou menos”, todos nós que assumimos a posição de um intelectual temos, obrigatoriamente, de nos entregar completamente. Consagrada ao Deus da verdade em sua totalidade, a nossa vida é dEle em todas as situações que ela integra. Diante de qualquer trabalho, devemos dizer: — “É meu dever fazê–lo, logo é também meu dever fazê–lo muitíssimo bem, já que o que não se acaba não é. Na medida em que eu fizer mal, eu falharei na vida, tendo desobedecido ao Senhor e faltado a Igreja. Nessa medida eu renuncio a minha vocação. Ter uma vocação é ter a obrigação do perfeito (2 Timóteo 3:16, 17)”

Não existe tal coisa como a observância parcial da vocação intelectual cristã, porque o Fruto do Espírito Santo é impartível, não divisível. É preciso consagrar a vida inteira: — “cada pensamento e ação, cada palavra, trabalho e silêncio, a Cristo, se se deseja viver a vontade de Deus”.

A vocação intelectual cristã é essencialmente sacramental. Por “sacramento”, no sentido em que aqui é empregada a palavra, quer dizer, da maneira mais específica “mistério”, que alude a Deus manifestando sua vida, glória e poder e sua revelação à mente e ao coração humano. O mistério da bondade de Deus é o fundamento e a medida do conhecimento do homem; é de imediato o objeto (o locus) de seu estudo e devoção. No contexto de tais mistérios, o intelecto e a vontade humana são livres para prosperar e se submeter porque estão sendo cumpridos em circunspecção diante do que é incircunscritivelmente indescritível: — “A transcendência infinita de Deus, que com o tempo se Encarna” (João 1:14; Hebreus 1:1 – 4; Colossenses 2:9). Isto é, o intelecto e a vontade humana são livres para desenvolver–se e conformar–se porque estão sendo preparados em ponderações diante do que é ilimitadíssimo, inexprimível e extraordinário, a Encarnação do Verbo; em que Deus Pai fala pelo Filho por obra do Espírito Santo através das Escrituras Sagradas (Hebreus 1:1).

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www.santoevangelho.com.br

E–BOOK — MORTIFICANDO O PECADO

 

A santificação é a peculiaridade e virtuosismo da santidade; é o qualitativo da santidade e o avaliatório do modo de viver santamente; quanto mais nos separarmos mais santos nos tornaremos e, mais próximos de Deus estaremos (Hebreus 12:14).

A justificação pressupõe a culpa, a santificação pressupõe a sujeira, a mortificação pressupõe a vida, precedendo esses atos.

A Lei de Deus revela a existência de sintomas graves da enfermidade mortal, mas o Evangelho garante que o fulcro da doença já foi vencido, resta apenas lutar contra e esperar o pouco que resta de pecado numa luta (e conflito) diária sob a graça e misericórdia de Deus.

 

E–BOOK — POR QUE NÃO SOMOS CATÓLICOS ROMANOS?

 

Entendemos por autoridade divina das Sagradas Escrituras a qualidade peculiar de toda a Bíblia segundo a qual, como Palavra verdadeira de Deus que é, requer, de todos os seres humanos, fé e obediência e persiste como única fonte e norma de fé e vida. O mesmo nosso Salvador reconheceu e proclamou a autoridade divina da Bíblia, citando–a como único padrão da verdade em todos os casos de controvérsia.

Uma vez que os papistas, vendo que seus dogmas não apenas carecem de fundamento nas Escrituras Sagradas, mas também são claramente comprovados como falsos por elas, trabalham acima de tudo para elevar a autoridade e a perfeição de seus dogmas a fim de confirmar suas próprias ficções, é justo que nós, que lutamos sob a bandeira de Cristo para a derrubada do reino do Anticristo e o estabelecimento do reino de Cristo, nos esforcemos para afirmar e vindicar essa palavra de Deus contra seus erros.

 

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Há tantos que atribuem a Deus algum grau de autoria pelo mal que existe no mundo; obviamente não é Deus o autor do pecado (do mal), mas o homem, nem violentada é a vontade do homem, nem é removida a liberdade ou eventualidade (probabilidade) das causas secundárias, antes estabelecidas, pois é–nos dito que — “Desde o nascimento se rebelaram os ímpios e se desviaram do caminho certo todos aqueles que vivem mentindo” (Tiago 4:1 – 10; Salmos 58:3; Salmos 51:5; Jó 15:14). Deus é sumamente bom, Espírito puríssimo, infinito em seu ser e em perfeição, e de nenhum modo permitiria existir algum mal nas suas obras, se não fosse onipotente, justíssimo e bom para, mesmo do que é mal, tirar aquilo que é sumamente virtuoso, belo e verdadeiro, já que é terrível em seus juízos. Logo, pertence à infinita bondade de Deus tolerar, e até mesmo contemporizar o mal para deste fazer irromper e irradiar o bem celeste. Ora, um oceano não cabe num copo, aquilo que é finito (humano) não compreenderá jamais o que é infinito, assim, fazendo o homem sempre vã adjetivação e, quaisquer dos homens que atribuir a Deus parte no mal de qualquer natureza sofrerá prejuízo, todavia, sabemos que tudo terminará bem sendo Deus justo juiz e restaurador de tudo que o homem destruiu (Apocalipse 21:1, 4). Mas para aqueles que creem que Ele existe e o buscam (Hebreus 11:6) longo há de ser o descanso e regozijo.

Começo este texto explicando três passagens escriturísticas — é–nos dito nos Salmos 139: — “Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza” (v. 13, 14 – NVI); aqui, a palavra “tecestes” (tricotastes) acompanha–se do cuidado de Deus, da lindeza irretocável por sua criação, é a criança sendo concebida no ventre da mãe com amor divino, longe de quaisquer circunstâncias — distanciado do ódio e desviado do mal —, isto é, os ossos brancos, as veias azuis e as artérias vermelhas foram todas tecidas juntas por Deus. A idéia é repetida no versículo 15, em que “entretecido” significa “bordado com várias cores”; é simplesmente formidável, a criação é fascinante desde o ventre, e o ato divino é perfeito, portentoso e digno, a “terra” é uma metáfora para “útero”, o qual está encoberto, ou “oculto”, da visão, escuro e misterioso. Algo incrível também é–nos dito: — “corpo informe” (v. 16), uma linguagem usada para a argila que ainda não virou pote, ou uma meada de fio ainda não desenrolada e entrelaçada (Ezequiel 27:24). Aqui a aplicação é para um feto de vida humana; pontos imprescindíveis:

1 – Os versículos 19 a 22, traz o entendimento da vida incluir estar ciente dos homens maus entre a população da criação de Deus que estragam a beleza dessa criação.

2 – As afirmações anteriores de Davi são um pouco suavizadas pelo reconhecimento de que a maldade pode estar escondida no recôndito do seu próprio coração. A autocrítica é melhor do que a vingança” (Romanos 2:1 – 16).

Outro texto é de Salomão, Salmos 127, versículos 3 e 4; é–nos dito sobre os filhos duas coisas como palavras–chaves, primeiro refiro a passagem: — “Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que Ele dá. Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude”; esta seção a respeito dos filhos deve ser entendida tanto espiritualmente como biologicamente à luz da revelação do Novo Testamento (Filipenses 2:19 – 22) —, afinal, eles foram criados divinamente, e, agora, vivem sob o cuidado e amor dos pais recebendo instruções divinas. O amor e o cuidado pelos filhos honram a Deus. A aliança de Deus com Adão e Eva continha duas condições interdependentes: — “descendentes” e “domínio”. Duas pessoas sozinhas não podiam dominar a terra. Para isso, seria preciso haver descendentes. Para os cristãos, ter filhos é uma resposta à ordem: — “Frutificai, e multiplicai–vos, e enchei a terra, e sujeitai–a” (Gênesis 1:28). Neste Salmos, os filhos chamados de “herança do Senhor”. Isso significa que os filhos pertencem a Deus. Eles são “nossos” somente num sentido secundário. Deus dá filhos aos pais assim como um homem confia a sua fortuna aos seus herdeiros. Jesus Cristo não quer que desprezemos “algum destes pequeninos”, e usa da fé que eles têm em Deus como exemplo aos adultos (Mateus 18:1 – 5, 18). Quando um casal inicia um casamento, dispõe–se a amar, a servir e a sacrificar–se pela próxima geração. Amar e cuidar de filhos é uma das principais maneiras pelas quais honramos a Deus e participamos da construção do seu reino (Mateus 19:14).

Em outra parte é–nos dito sobre o “instruir a criança no caminho em que deve andar” (Provérbios 22:6), uma vez que, há “espinhos e laços no caminho do perverso” (Provérbios 22:5). Instruir tem a idéia de um pai que graciosamente investe numa criança toda a sabedoria, amor, aplicando educação e disciplina que é necessário para que ela se torne plenamente comprometida com Deus. Isso pressupõe a maturidade emocional e espiritual dos pais para fazerem isso. Neste texto “o caminho em que deve andar” significa fazer essa instrução de acordo com a personalidade, dons e aspirações únicas da criança; também significa treinar a criança a evitar quaisquer tendências naturais que ela tenha e que impeça o comprometimento total com Deus (por exemplo, uma vontade fraca, falta de disciplina, suscetibilidade para depressão). Em virtude disso, a promessa é que o desenvolvimento apropriado garante que a criança permanecerá compromissada com Deus. Ora, enquanto, as flechas estão no domínio do arqueiro, é ele quem direciona o itinerário, quando solta–se a flecha, foi o arqueiro responsável pelo destino e acerto ao alvo. Dessa forma, quando os pais ensinam o caminho aos filhos — “eles sairão das mãos dos pais como flechas” — certamente, seguirão pelo caminho da instrução dos pais; sendo que a força dos pais para atirarem as flechas é o próprio Cristo! O alvo que os pais direcionam as flechas é Cristo! E, Cristo também é a razão dos pais acreditarem que, “até quando envelhecer a criança, não se desviará ela do caminho”. Portanto, Cristo seja o Caminho, segundo é de fato, por onde os filhos caminhem alegremente e que sob a oração dos pais sejam instruídos a permanecerem comprometidos a Deus. Tão grande herança temos em mãos, do Senhor, e que cuidado devemos oferecer a tão grande privilégio.

Por fim, é–nos dito que: — “Antes de formá–lo no ventre eu (Deus) o escolhi; antes de você nascer, eu o separei e o designei profeta às nações” (Jeremias 1:5). Aqui, Deus mostra a sua soberania pelo fato de ter formado, santificado (separado) e dado (designado) Jeremias para ser profeta (alguém que é chamado) e porta–voz às nações (Assíria, Babilônia, Egito, Judá e outras).

Mas tudo explicado até aqui, não é para um filho assassinado pelos pais.

Estava interpelando–me: — uma alma é uma alma –, incluindo consciência, razão e disposição (vontade) –, no momento da concepção, e se sim, o que acontece com bebês que são assassinados (abortados) pelos pais?

Aceito como verdadeiro e, credencio escrituristicamente que a única resposta à interrogação imposta, a respondermos radicalmente, é “sim”. Creio que quando Deus cria vida, cria–a de fato, nada incompleto. E, creio que essa vida começa na concepção, e, portanto, a personalidade começa aí. João o Batista, no ventre de sua mãe, é–nos dito, que foi cheio do Espírito Santo. Caro leitor, lembra–se de que o bebê pulou de alegria no ventre? Recorde o que Davi disse: — “[…] em pecado me concebeu minha mãe” (Salmos 51:5; cf. Salmos 139:13, 14). Assim, de um lado, você tem embriões e fetos que são cheios do Espírito Santo, e do outro, você tem um feto pecaminoso. Isso indica um ente criado com personalidade, responsabilidade e que existe uma alma ali, existe, portanto, vida. Essa é a minha posição — a única posição, visto que nasce das Escrituras, que é a “norma normanda” (“norma determinante”) e não a “norma normata” (“norma determinada”) para todas as decisões de fé e vida — essa é a verdade contida na Escritura Sagrada; é a palavra de Deus.

Se você estudar as passagens sobre os caminhos, um largo e outro estreito, sendo poucos os que encontram o último, pode ser que o céu será mais populado pela taxa de mortalidade e de aborto, do que será pela fé. O motivo é que, eu creio, que quando as crianças morrem, em algum ponto no tempo após sua personalidade ser iniciada, elas estarão com Deus. Assim, pode ser que encontremos no céu uma grande quantidade dessas pessoas, e, talvez, essa é a razão da taxa de mortalidade ser tão alta em países não cristãos. Deus é misericordioso, e a salvação pertence, e vem do Senhor.

Não é diferente aqui no Brasil. No meio de uma nação concebida, coordenada e sistematizada por homens desalmados, impiedosos e de cultura ignorante, sendo imorais, endiabrados e imprestáveis, Deus, sim, o Deus Todo–poderoso faz convergir a malignidade dos homens de selvageria, ferocidade e iniquidade, em glória para si — salvando bebês abortados — julgando já com desprezo esses tais assassinos (Romanos 1:28 – 31), os quais conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem (Romanos 1:32).

A epítome latina “Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo” — literalmente, se não posso dobrar o céu, então moverei as regiões infernais, se não posso mover o Deus de cima, moverei o deus debaixo, reflete o orgulho ímpio sobre duas perspectivas. O inconsciente propriamente dito, isto é, o vasto domínio das regras obscenas que permeia sua vida e aquilo que regula diariamente a esfera pública e mais profundamente a esfera íntima. Observe quão cuidadoso é o ímpio quanto ao perigo do decreto do homem, e o cuidado que toma em não o quebrar, mas que não está apreensivo com as obrigações da Lei de Deus e os terrores de sua ira. O ímpio considera o que homem tem feito, não o que Deus tem feito, contra tais práticas pecaminosas e contumazes, pois “do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça” (Romanos 1:18). Eles, os ímpios, temem o laço armado contra sua vida mais do que o laço armado contra sua alma. É comum para pecadores terem mais medo do castigo dos homens do que do julgamento justo de Deus. Há lamento, pranto e muitos ais nesse erro absurdo por parte dos ímpios, pensam eles que guiam suas vidas a parte de Deus, mas descobrirão aqui ou depois da morte que não.

Então, os bebês e outros incapazes de professar a fé em Cristo Jesus vão automaticamente para o céu?

As pessoas frequentemente se perguntam sobre o destino eterno dos bebês e daqueles “incapazes” de entender intelectualmente o Evangelho. A questão é difícil. Infelizmente, a Escritura não nos oferece nenhuma resposta explícita. Contudo, baseado em várias passagens, bem como num entendimento do caráter de Deus e seus tratamentos com os homens, podemos desenvolver uma boa idéia de como Deus age em tais situações.

2 Samuel 12:23 é uma das passagens frequentemente citadas para implicar que os bebês vão para o céu. Embora o versículo não diga isso explicitamente, Davi claramente espera um dia reunir–se com sua criancinha falecida. Visto sabermos que Davi é um crente cujo destino foi o céu, podemos inferir que sua esperança de reunião significa que ele esperava que sua criança estivesse no céu. Assim, 2 Samuel 12:23 sugere forte evidência para um destino celestial dos ainda não–nascidos e das crianças que morrem na infância.

Aparece aqui uma promessa maravilhosa para todos os que perderam uma criança: — “Eu irei a ela”.

Se esse versículo fosse tudo que apoiasse a minha posição, admitidamente ela não seria muito convincente para os tolos. Contudo, existem outras evidências que apontam para a mesma conclusão. Primeiro, a Escritura ensina claramente que Deus se preocupa profundamente com as crianças. Passagens como Mateus 18:1 – 6 e 19:13 – 15 afirmam o amor do Senhor por elas. Esses versículos não declaram que as crianças vão para o céu, mas mostram o coração de Deus por elas. Ele criou e cuida delas, e, além disso, sempre realiza sua perfeita vontade em cada circunstância.

O salmista nos lembra de que Deus é “cheio de compaixão, e piedoso, sofredor, e grande em benignidade e em verdade” (Salmos 86:15). Ele é o Deus que se tornou carne, para que pudesse levar nossos pecados por sua morte na cruz (2 Coríntios 5:21). Ele é o Deus que confortará os cristãos no céu, pois, “limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor” (Apocalipse 21:4). Podemos estar seguros que Deus fará o que é certo e amável, pois, Ele é o padrão de justiça e amor. Apenas essas considerações parecem ser evidências suficientes do amor particular e eletivo de Deus, mostrado para com aqueles que morrem na infância, ou mesmo antes dela (abortados).

O amor é caso de vida e morte, um assunto pessoal; sem o amor do outro, está–se sozinho e incompleto, é amor faminto e voraz. O amor tem lugar próprio, as provisões necessárias e o poder triunfante para responder quaisquer assuntos da vida, e quando nega–se respostas oferecidas pelo amor, há morte, há aborto. A linguagem do amor finaliza toda a comunicação hostil e que traz discórdia, desunião e indisposição, pois proclama uma vida partilhada e engrandece a união, seja em nossa cama, em nossa casa ou nas aflições da vida, o amor sustenta todo caos, ele cria e renova todas as coisas, e se escondemos esta essência que é o amor, perturbamo–nos sem respiração e morremos (Salmos 104:29, 30) — todos nós. O amor possui uma excelência inigualável, o amor é um desejo apaixonado pela união da vida. O amor é perfumado e duas vezes bom devido oferecer regozijo e lembranças, coisas agradáveis como um bom perfume gravado em nossa mente de um ponto da nossa história ou de uma criancinha recém–nascida — é como se através do cheiro voltássemos ao passado alegre. A ira humana é diretamente o oposto destrutivo das bênçãos do pacto de amor memorial, e geralmente ocultam ódio contra Deus. A família sem amor é caracterizada pela ira — A ira é semelhante um leproso que mora sozinho, num lugar fora do campo, em contraste com a vida comum da comunidade em amor — A aliança de amor comum é crucial para curar a solidão da lepra. Em outras palavras, a ira familiar faz com que pessoas morram lentamente, mas como leprosos, com dor e distantes de tudo que é fortalecedor e comum da união em amor. Talvez, seja por isso que Jesus Cristo especificamente tenha enviado os discípulos às “ovelhas perdidas da casa de Israel” com uma ordem de “limpar os leprosos”. Enfim, o amor exige o outro. O amor muitas vezes é intercambiável com a caridade, devido exigir um agente, ele faz do outro um receptáculo do bem. O amor não pode existir sem o outro, razão de existir aqui um padrão trinitário, é–nos revelado que Deus que é amor subsistindo em três pessoas, o Pai que é aquele que ama (amans) o Filho Amado (amatur) sendo o Espírito essencialmente o elo desse eterno amor. Uma vez indagado, por qual razão, o paraíso seria perfeito? Respondi, porque Deus é amor, uma vez que, é–nos dito que somente Ele é amor. Ora, o que vale um paraíso sem amor? Portanto, amem o outro, não somente os nascidos, mas aqueles que ainda não nasceram, e sejam amados por Deus — mas caso não ocorra assim, Ele odiará a todos devido a sua santidade exigir reparação em detrimento da maldade.

Contudo, outro ponto pode ser útil ao responder essa pergunta.

Embora os infantes e crianças pequenas não tenham senso do pecado e da necessidade de salvação, nem colocam sua fé em Cristo Jesus, a Escritura ensina que a condenação é baseada na clara rejeição da revelação de Deus – quer geral ou específica – não na simples ignorância dela (Lucas 10:16; João 12:48; 1 Tessalonicenses 4:8).

Podemos dizer definitivamente que os infantes e crianças pequenas compreenderam a verdade demonstrada pela revelação geral de Deus, que os torna “inescusáveis (indesculpáveis)” (Romanos 1:18 – 20)?

Eles serão julgados de acordo com a luz que receberam. A Escritura é clara que as crianças e os ainda não–nascidos possuem o pecado original, incluindo a propensão ao pecado, bem como a culpa inerente do pecado original. Mas poderia ser que de alguma forma a expiação de Cristo Jesus pagou pela culpa desses pequeninos indefesos? Sim, e, portanto, é uma suposição aceitável que uma criança que morra numa idade muito precoce para ter uma rejeição consciente e deliberada de Jesus Cristo, será levada para estar com o Senhor.

Robert Charles Sproul (1939 – 2017) ao ser questionado: — “Quando um bebê morre, ou é abortado, para onde vai a sua alma?”. Respondeu: — “A maneira como esta pergunta foi feita indica uma certa ambiguidade a respeito do relacionamento entre aborto e morte. Se a vida começa na concepção, então aborto é um tipo de morte. Se a vida não começa senão com o nascimento, então, obviamente, o aborto não envolve morte. A visão clássica do assunto é que a vida começa com a concepção. Se isto é certo, então a questão da morte da criança ou da morte pré–natal envolve a mesma resposta”.

A qualquer hora que um ser humano morre antes de alcançar a idade da responsabilidade (que varia de acordo com a capacidade mental), precisamos confiar em provisões especiais da misericórdia de Deus. A maioria das Igrejas crê que existe tal provisão especial da misericórdia de Deus. Esta posição não envolve a suposição que as crianças são inocentes. Davi declara que ele nasceu em pecado e foi concebido em pecado. Com isto ele estava se referindo obviamente à noção bíblica de pecado original. Pecado original não se refere ao primeiro pecado de Adão e Eva, mas ao resultado daquela transgressão inicial.

Pecado original refere–se à condição de decaídos que afeta todo ser humano. Nós não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores. Ora, um cachorro não torna–se cachorro porque late, mas late devido ser cachorro, é próprio da natureza do cachorro latir. Isto é, nós pecamos porque nascemos com uma natureza pecaminosa. Embora os infantes não sejam culpados de um pecado real, estão manchados com o pecado original. Por isso, insistimos em que a salvação das crianças depende não de sua suposta inocência, mas da graça unicamente de Deus.

Minha Igreja em particular (Igreja Reformada Santo Evangelho) crê que os filhos de cristãos, que morrem na infância, vão para o céu pela graça especial de Deus; é a posição oficial. O que acontece aos filhos dos não–crentes é deixado na esfera do mistério. Creio que haja uma provisão especial da graça de Deus para eles também. Certamente esperamos que sim (para todas as crianças). Embora tenhamos esperança nessa graça, há pouco ensino bíblico específico sobre a matéria. As palavras de Jesus: — “Deixai vir a mim os pequeninos porque dos tais é o reino dos céus” (Mateus 19:14), nos dão algum consolo; os discípulos consideravam as crianças como um embaraço na obra de Jesus, mas Jesus Cristo as acolhe como súditos do reino e as abençoa. Uma vez que a entrada do reino é pela graça de Deus e não por conquista humana, os pequenos dependentes desfrutam de direito especial às bênçãos da aliança (Mateus 18:1 – 9).

Moody escreveu: — “As crianças deviam ser muito pequenas, algumas talvez fossem bebês (Marcos 10:16). Os discípulos não gostaram da intromissão e repreenderam os pais que trouxeram (Marcos 10:13; Lucas 18:15). Jesus, entretanto, estava sempre interessado nos jovens e fracos. Durante o delicioso momento, fez os discípulos se lembrarem de uma lição esquecida (18:3) — “Dos tais é o reino dos céus” —, Considerando que a entrada no seu reino exige que os homens se transformem em crianças na fé, os discípulos fariam melhor se fossem bondosos com as verdadeiras crianças[1].

Quando o filho de Davi e Bate–Seba foi levado por Deus, Davi lamentou: — “Vivendo ainda a criança jejuei e chorei porque dizia: — Quem sabe se o Senhor se compadecerá de mim, e continuará viva a criança? Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê–la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim” (2 Samuel 12:22, 23).

Aqui Davi declara sua confiança de que “eu irei a ela”. É uma referência levemente velada à sua esperança de reunir–se com seu filho no futuro, como já dito antes e ratificado a esta altura. Esta esperança de uma reunião futura é a esperança gloriosa de todos os pais que perderam seus filhos. É a esperança reforçada pelo ensino do Novo Testamento sobre a ressurreição.

Talvez uma grande proporção desta geração, em algum tempo ou outro, tenha derramado lágrimas sobre caixões de criancinhas, e talvez, através deste texto, consolação seja dada a estes. Esse é o objetivo aqui.

Charles Haddon Spurgeon (1834 – 1892) escreveu acerca de 2 Reis 4:8 – 41: — “Geazi perguntou a essa boa Sunamita se estava bem quanto a ela. Ela estava lamentando o filho que havia morrido, e mesmo assim ela disse: — “Vai bem”, ela sentia que sua provação seria certamente abençoada (no final das contas). Geazi também perguntou: — “Vai bem com teu marido?”. Este era velho e avançado em dias, e estava já no processo de amadurecimento final para a morte, mas ainda assim ela disse: — “Sim, vai bem”. Então veio a pergunta sobre o filho que estava morto em casa, e a pergunta renovaria as suas dores: — “Está tudo bem com a criança?”. Ela ainda disse: — “Vai bem”, talvez respondendo assim porque tinha uma fé que ele logo deveria ser restaurado para ela, e que a ausência temporária estava bem, ou ela respondeu assim porque estava persuadida de que fosse o que fosse que tivesse acontecido com o espírito do seu filho, ele estava seguro debaixo do cuidado de Deus, ele (seu filho) estava feliz à sombra das suas asas. Portanto, não temendo que ele estivesse perdido, não tendo qualquer suspeita de que seu filho foi lançado para longe do lugar de gozo — porque tal suspeita teria impedido ela de dar tal resposta — ela disse “sim, o meu filho está morto, mas vai bem”.

Agora, que toda mãe e todo pai, saibam com segurança que tudo está bem com o seu filho, se Deus o tirou de vocês nos dias da infância ou por um assassinato (aborto). Vocês nunca ouviram a sua declaração de fé (pois ele, o filhinho não era capaz de tal coisa), ele não foi batizado no Senhor Jesus Cristo, não foi sepultado com Ele em batismo, não foi capaz de dar aquela “resposta de uma boa consciência para com Deus”, todavia, vocês podem descansar seguros de que tudo vai bem com a criança, bem em um sentido mais alto e melhor do que está bem com vocês mesmos, bem sem limitação, bem sem exceção, bem infinitamente, “bem” eternamente.

Talvez vocês pais, irão dizer: — “Quais razões temos para acreditar que tudo vai bem com o nosso filhinho (já morto)?”.

É–nos dito por Charles Haddon Spurgeon (1834 – 1892): — Antes que eu entre nisso eu faria uma observação. Tem sido maliciosamente, enganosamente e caluniosamente dito a respeito dos Calvinistas, que nós cremos que algumas crianças (mortas) perecem. Aqueles que fazem esta acusação sabem que tal denúncia é falsa. Eu não ouso mesmo esperar, embora desejasse assim poder fazer, que é com ignorância que tais acusadores nos deturpam. Eles impiamente repetem (e nos atribuem) o que (por nós) tem sido negado mil vezes, o que eles sabem não é a verdade. No conselho de João Calvino para Omit, ele toma a promessa justificativa em Êxodo 20:6: — “E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos”, dada por Deus para o segundo mandamento: — “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam” (Êxodo 20:4, 5 – ACF), e interpreta–a como referindo–se a gerações, e então ele parece ensinar que crianças que têm ancestrais piedosos, isto é, verdadeiros salvos, não obstante quão remotamente na árvore genealógica, morrendo como crianças são salvas. Isso certamente incluirá as crianças mortas de toda a raça humana; dos Calvinistas modernos, não conheço nenhuma exceção, mas todos nós esperamos e cremos que todos que morrem quando crianças são eleitos.

John Gill (1697 – 1771) que tem sido visto como sendo o padrão de Calvinismo, e talvez do ultra–Calvinismo, nunca dá a mínima dica em nenhum momento, nem afirma que qualquer criança tem perecido, mas afirma que isto é um assunto misterioso e nebuloso, mas que é a sua posição, e ele crê que tem as Escrituras para justificar, que os natimortos (feto quando morre dentro do útero materno ou durante o trabalho de parto) não pereceram, mas foram contados com os escolhidos de Deus, e, portanto, entraram no descanso eterno. Nunca temos ensinado contrariamente, e quando somos taxados assim eu o rejeito e digo: — “Você pode ter dito assim, mas nós nunca dissemos assim, e você sabe que nunca dissemos tal coisa. Se você ousar repetir tal difamação de novo, então que a mentira marque na sua face em escarlata, se você ainda tiver a capacidade de sentir vergonha”. Nós nunca nem sequer sonhamos com tais coisas. Com poucas e raras exceções, tão raras que eu nunca ouvi delas a não ser da boca de difamadores, nunca imaginamos que as crianças que morreram em tenra idade tem perecido, e temos crido que entram no paraíso de Deus.

Pontos convictos acerca da salvação de bebês – nascidos e mortos em tenra idade ou natimorto.

[1] – Alguns apóiam a idéia do gozo eternal da criancinha na sua inocência. Não fazemos ou mencionamos tal coisa, cremos que a criancinha caiu em pecado dentro do primeiro Adão — “Assim como todos morrem em Adão”. A posteridade inteira de Adão, infante ou adulta, era representada por ele – ele representou todos, e, quando ele caiu, caiu em lugar de todos os seres humanos (todos caíram dentro dele). Não houve nenhuma exceção na aliança das obras feita com Adão (e no alcance das consequências de sua queda) a respeito das criancinhas morrendo, e estes que estavam incluídos em Adão, mesmo que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, tem a sua culpa original. Estes são “nascidos no pecado e inteiramente em iniquidade, em pecado são concebidos pelas suas mães”, assim diz Davi de si mesmo, e (por inferência) de toda a raça humana. Se são salvas não cremos que seja por inocência natural. Entram no céu pelo mesmo caminho que entramos, são recebidas no nome de Cristo. “Ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto”, e não penso nem sonho que haja um fundamento diferente para a criancinha além do que aquele posto para o adulto.

Por qual razão, então, cremos que as criancinhas mortas são salvas?

Cremos que uma criancinha viva está tão perdida como toda a humanidade, e totalmente condenada pela sentença que disse “no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Ela é salva por ser eleita. No escopo da eleição, no livro da vida do Cordeiro, cremos que serão achadas milhões de almas que só brevemente apareceram sobre a terra e depois voaram para o céu. Todas elas são salvas por terem sido também, como nós, redimidas pelo precioso sangue de Jesus Cristo. Aquele que derramou seu sangue para todo seu povo comprou–as com o mesmo preço com o qual redimiu os pais delas e, portanto, elas são salvas porque Cristo representou–as e sofreu por elas no seu lugar. São salvas não sem regeneração, pois “aquele que não nascer de novo […]” — o texto não designa um homem adulto, mas uma pessoa, qualquer um ser da raça humana — “aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus”. Sem dúvida, numa maneira misteriosa o Espírito de Deus regenera a alma da criancinha e ela entra na glória e é feita adequada para ser participante da herança dos santos da luz. Que isto é possível é comprovado nas Escrituras. João o Batista, foi cheio do Espírito Santo desde o ventre da sua mãe. Lemos de Jeremias também, que a mesma coisa ocorreu a ele, e de Samuel encontramos que ainda criança o Senhor o chamou. Cremos, portanto, que antes que o intelecto possa funcionar plenamente, Deus o qual não opera segunda a vontade do homem, nem do sangue, mas pela agência misteriosa do seu Espírito Santo, cria na alma da criancinha uma nova criatura em Cristo Jesus, e então ela entra naquele “repouso para o povo de Deus”. Pela eleição, pela redenção, pela regeneração, e em nenhuma outra maneira, a criança entra na glória pela mesmíssima porta pela qual cada cristão em Cristo espera entrar. Se não pudéssemos crer que crianças podiam ser salvas como os adultos, se fosse necessário propor que a justiça de Deus tem que ser infringida, ou que o seu plano da salvação deveria ser ajustado para responder em particular ao caso das criancinhas, então estaríamos em dúvida, mas podemos perceber que é com os mesmos meios, pelo mesmo plano, apoiado no mesmo fundamento, e através das mesmas agências, que a alma da criancinha morta pode contemplar a face do Cristo na eterna glória, e, portanto somos consolados neste assunto.

[2] – Primeiramente, temos que deixar bem claro que a nossa convicção sobre salvação de crianças está fundamentada sobre a bondade da natureza de Deus. Dizemos que a doutrina oposta, que diz que algumas criancinhas perecem e estão perdidas, é inteiramente repugnante ao entendimento que temos sobre aquele cujo nome é “Amor”. Se tivéssemos um Deus cujo nome era Moloque, se Deus fosse um tirano arbitrário, sem benevolência ou graça, poderíamos supor algumas criancinhas sendo lançadas no inferno, mas nosso Deus, que dá sustento aos filhos dos corvos quando clamam, certamente não achará nenhum regozijo no clamor e gritos das criancinhas lançadas para longe da sua presença. Lemos dEle que Ele é tão bondoso que cuida dos bois, que não teria atada a boca do boi que trilha o cereal. Sim, Ele cuida do passarinho no seu ninho e não deixaria morrer a mãe deles enquanto aninhando está os seus pequenos. Ele deu mandamentos e ordenanças até para as criaturas irracionais. Ele providencia comida para o animal mais bruto, e também não negligencia nenhuma minhoca mais do que um anjo, e podemos nós crer que, com tal bondade universal quanto essa, que Ele lançaria a alma da criancinha, digo eu, seria contrário a tudo que temos lido e crido dEle, que a nossa fé enfraqueceria diante de uma revelação que afirmaria um fato tão singularmente excepcional ao grau usual de seus outros feitos. Temos aprendido humildemente a submeter–nos à sua vontade e não nos atreveremos a criticar ou acusar o SENHOR de tudo, nós confiamos que Ele é justo em tudo que Ele quer fazer. Portanto, qualquer coisa que é revelada por Ele, aceitaremos, mas Ele nunca pediu, e Ele nunca pedirá de nós, tão desesperada fé quanto imaginar bondade de Deus na miséria eterna de uma criancinha lançada no inferno. Lembremos que, quando Jonas — o petulante e espontâneo Jonas — desejou a perdição de Nínive, Deus disse a razão pela qual Nínive não deveria ser destruída, ou seja, que continha mais de 120 mil “criancinhas” – pessoas, Ele disse, que não sabiam discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda. Se Deus poupou a Nínive, cuja vida mortal seria poupada, pensaria você que as almas imortais delas, das criancinhas mortas seriam descartadas desnecessariamente? Eu deixo tudo ao seu raciocínio. Não é um caso que devemos ter muitos argumentos. O seu Deus lançaria fora uma criancinha? Se o seu Deus faria isto, então eu estou feliz em dizer que Ele não é o Deus que eu adoro.

Novamente, cremos que lançar no inferno a criancinha que morre seria grosseiramente inconsistente com o caráter revelado do nosso Senhor Jesus Cristo. Quando os seus discípulos impediram os meninos cujas mães ansiosas lhe trouxeram, Jesus disse: — “Deixai vir os meninos a mim e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus”.

Assim Ele nos ensinou, como John Newton (1725 – 1807) corretamente afirmou: — “[…] que tais como estes meninos constituem grande parte do reino de Deus. E, quando consideramos, usando as melhores estatísticas, que é calculado que mais de um terço da raça humana morre ainda criança, e quando consideramos aquelas vastas regiões onde prevalece o infanticídio e os abortos, naturais ou por assassinato, como nos países pagãos tais como a China e outros assim, de modo que talvez metade da população mundial morra antes de chegar à idade da razão — então a instrução do Salvador carrega grande força de fato, dos tais é o reino de Deus”.

Se alguns me relembram que o reino de Deus significa a dispensação da sua graça sobre a terra, eu respondo: — “Sim, é verdade, mas também significa a mesma dispensação no céu, pois enquanto parte do reino de Deus está sobre a terra na Igreja, então, desde que a Igreja é sempre uma, aquela outra parte da Igreja que já está no alto céu também é o reino de Deus”. Contudo, o texto prova isto: — “que criancinhas compõem uma grande parte da família de Cristo e que Jesus Cristo tem amor e amabilidade para com os pequeninos. Quando os meninos clamavam no templo: — Hosana! Ele os reprovou? Não, mas regozijou–se nas infantis exclamações. Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor”. Este texto também parece afirmar que no céu haverá “perfeito louvor” dado a Deus pela multidão dos “querubins” (as criancinhas mortas) que estavam aqui na terra — aqueles pequeninos acariciados no seio dos pais — e subitamente e prematuramente levado ao céu. Não posso crer que Jesus diria às criancinhas: — “Apartai–vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos!”. Eu não posso pensar que seja possível que aquele que é amoroso e terno, quando Ele se assentar a julgar as nações, coloque as criancinhas na sua esquerda e as bana para sempre da sua presença. Como imaginar que Ele poderia dizer às criancinhas: — “Tive fome e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; estando nu, não me vestistes, e enfermo, e na prisão, não me visitastes?”. Como poderiam as criancinhas ter feito isto? Se a maior razão de condenação está nos pecados de consciente e deliberada omissão, então como iria Cristo condenar os infantes e lançá–los na perdição por um pecado que as criancinhas não tinham a possibilidade de cometer, por não terem o poder de fazerem o dever?

Ademais, pensamos que a natureza da graça de Deus, se a consideramos, faz com que seja muito improvável, para não dizer impossível, que uma alma de uma criancinha morta devia ser destruída. O que diz as Escrituras? — “Onde abundou o pecado, superabundou à graça”. Tal verdade não pode ser dita a respeito de uma criancinha lançada na perdição. Sabemos que Deus é abundantemente gracioso, que tais expressões como “as riquezas incompreensíveis de Cristo”, “Deus, que é riquíssimo em misericórdia”, “grande em benignidade”, “abundantes riquezas da sua graça”, e outras tais, são verdadeiras sem exageração e sem hipérbole. Sabemos que Deus é bom para com todos, e que as suas misericórdias são sobre todas as suas obras, e que, na sua graça, Ele pode fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos. A graça de Deus buscou no mundo o pior dos pecadores. Não se desviou do mais vil de todos os vis. Aquele que se auto–intitulou o maior dos pecadores tornou–se participante do banquete do amor de Cristo. Todo tipo de pecado e blasfêmia tem sido perdoado ao homem.

Ele já salvou perfeitamente os que por Cristo se chegaram a Ele e, pergunto: — “Será consistente com tal graça que ela deve ignorar as multidões de multidões de pequeninos que têm a imagem do Adão terrestre, e não coloque sobre eles a imagem do Adão celestial?”. Eu não posso conceber tal coisa. Todo aquele que tem provado, experimentado e tocado da graça de Deus, penso eu, vai instintivamente sentir repugnância e se afastar de qualquer outra doutrina senão esta: — “Que, muito seguramente, aqueles que morrem como criancinhas estão salvos”.

Conclusão.

E, ainda, um dos mais fortes argumentos de sã inferência se acha no fato que as Escrituras positivamente afirmam que o número das almas salvas, no final das contas, será muito grande. No livro de Apocalipse, lemos a respeito de uma multidão a qual ninguém podia contar. O salmista fala dos tais como sendo tão numerosos com as gotículas de orvalho no ventre da manhã. Muitas passagens das Escrituras profetizam para Abraão, como o pai dos crentes, uma semente tão numerosa quanto às estrelas do céu, ou quanto a areia nas praias. Jesus Cristo verá o trabalho da sua alma e será satisfeito, asseguradamente, não é um pouco que o satisfará. O poder e a beleza da preciosa redenção incluem a redenção de uma grande multidão. Em todo lugar nas Escrituras aparece o ensino de que o céu não será um mundo pequeno, e que a sua população não será como um punhado rabiscado nos campos de uma grande fazenda, mas que Cristo será glorificado por dez milhares de dez milhares que foram redimidos pelo seu sangue. De onde virão estes? Considerando o mundo geográfico, somente uma pequena parte dele é usualmente chamada de cristandade! Observe num mapa. Daqueles países que são considerados como sendo de crentes em Cristo, quão poucos de seus cidadãos sequer cogitam em carregar o nome de crente verdadeiro. De quão poucos poderia ser dito que têm pelo menos uma ligação nominal com a Igreja de Cristo? Entre aqueles membros ativos de alguma das poucas Igrejas verdadeiras e fiéis, muitos são hipócritas e não conhecem a verdade! Eu não vejo como possível, a não ser que o milênio seja verdadeiramente literal e terrestre, (que não creio) e assim venha muito em breve e que se estenda muito além de mil anos e seja muito grande a taxa de natalidade e a percentagem dos salvos, eu não entendo como pode ser possível que um número tão grande deve entrar nos céus a não ser a possibilidade de que as almas das criancinhas mortas constituem sua grande maioria. É uma doce crença para a minha mente que serão mais os salvos do que os perdidos, pois em todas as coisas a preeminência será dada a Jesus Cristo, portanto, por que não nisto também, isto é, no aspecto quantitativo? Foi um pensamento de um grande teólogo que talvez naquele dia o número dos perdidos não será em proporção maior em relação ao número dos salvos, do que hoje, o número dos criminosos nas penitenciárias não é em maior proporção em relação a aqueles que estão livres. A minha esperança é que seja assim. De qualquer modo, não é o meu dever perguntar: — “Senhor, são poucos os que serão salvos?”. A porta é estreita, mas o Senhor sabe trazer milhares por ela sem fazê–la mais larga, e nós não devemos tentar esbarrar qualquer pessoa por a estreitarmos ainda mais. Sim! Eu sei que Cristo terá a vitória e que Ele é seguido por hostes inumeráveis, sei que o vil príncipe do inferno nunca terá tantos seguidores quanto Cristo no seu triunfo resplandecente. E, se isto é assim, então as almas dos que morrem como criancinhas têm que estar salvas, numeradas como abençoadas, e irão morar com Cristo no porvir, no céu.

Apenas para terminar: — Suponhamos uma mulher que sofreu um aborto. Posso lhe dizer que a criança está salva agora?

Bem, essa é a minha crença, pois Jesus disse: — “Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus” (Mateus 19:14). E, creio, está dentro do desígnio de Deus que Ele redime aqueles que não sabem diferenciar a sua mão direita da esquerda (Jonas 4:11). E, esse é um dos sinais da infância. Jesus toma–os para estar consigo.

Isso é confortador para uma pessoa que passou por isso. Que maravilha! Enquanto escrevia este texto com Spurgeon, visitei o meu filho Abraão, na época com apenas sete meses, enquanto dormia (hoje ele tem 4 anos), e dormindo serenamente sorriu sem saber que observava–o, em seu rosto vejo o verdadeiro semblante de um filho de Deus (não digo que não haja pecado nele), mas definitivamente não posso conceber, nem apoiar a idéia de que Deus lançaria Abraão no mais profundo abismo, onde em meio às trevas, ele mesmo sem saber falar, em suas balbuciações gemeria de tormento, e pelos tormentos e fogo eterno sentiria em sua alma a ira de Deus, a ira do Cordeiro, certamente, Deus ama–o, como ao pai ama, creio, pois se Deus não amar uma criancinha de meses, seja viva ou assassinada (pois Deus é Senhor), que não sabe diferenciar, absolutamente nada, a não ser a mãe que alimenta–a, e o pai que embala–a, não posso crer que Deus me ame, visto que já dei motivos suficientes para que Ele não me ame, e nenhum deles anularam seu amor por mim — é a graça, não pode ser recursos humanos; a minha fé seria uma mentira se acreditasse em tal coisa. Certamente, que se Deus me amou uma vez, Ele me amará para sempre — e, juntamente com as minhas criancinhas, quer eles estejam vivos, quer eles estejam mortos, Deus é bom, amoroso e misericordioso para com os seus, para com todos os seus. Sim! Ouça, o Antigo Testamento diz que Ele reúne os cordeirinhos em seu peito e suavemente guia as que amamentam (Isaías 66:10 – 13) Assim, creio, Deus cuida delas — de todas as criancinhas que morreram ou que foram assassinadas.

O homem fia–se num céu que ele mesmo criou astutamente; num deus para si que nasce de sua própria determinação; num caminho que ele estabeleceu que cambia todas às vezes em atalhos quando há obstáculos (sem cruz) e, numa salvação sem salvador, visto que não creem pessoalmente em nada, e confessam tudo. Ora, as coisas propositadamente feitas devem–se reduzir a alguma origem (causa) mais alta, nesse caso, o homem que se coloca como aquele que as criou. Mas é falso, os homens se colocam como a causa de tudo, sempre foi assim (porém, parcamente do mal), mas não são, são apenas criadores daquilo que é essencialmente nocivo (Isaías 64:6). Todas as coisas estão sob a direção de um agente superior que é Deus, razão de ser necessário que as coisas feitas se reduzam a Deus como motor de todas as coisas; como causa eficiente sendo incausado; sendo agente necessário e doador de arquétipos, antes estabelecidos; sendo perfeito e tendo governo de tudo, pois é onipotente e intrinsecamente bom. O homem apenas as falsifica como coisas suas já que não dominam nenhuma parte da vida e não possuem liberdade plena, à vista disso, não são livres para criarem absolutamente nada, entretanto, fazem tais falsificações com o pecado da troca. Esse pecado da troca é atuante do seguinte modo, a troca da verdade pela mentira, que suprime a verdade pela injustiça e que serve a criatura ao invés do Criador que é bendito eternamente (Romanos 1:25). Ora, isso tornar–se–á penoso à humanidade; a troca entre o incorruptível, transcendente e santo Deus pela corrupção de coisas semelhantes a criaturas há de ser pleiteado desses, que auto–iludidos acham que passarão impunes ante Deus. Todas as falsificações oriundas de um coração morto ou de sugestões do diabo serão eternamente requeridas por Deus e, duro há de ser o castigo.

Paz e graça.
Pr. Me. Plínio Sousa.

Spurgeon, Child Salvation — 29 de Setembro de 1861.

[1] – Mateus, Comentário Bíblico Moody, p. 93.

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